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Na Bahia, negros têm 3,3 mais chances de morrer do que não negros

Uma das principais expressões das desigualdades raciais existentes no Brasil é a forte concentração dos índices de violência letal na população negra, segundo o Atlas da Violência. Enquanto os jovens negros figuram como as principais vítimas de homicídios do país e as taxas de mortes de negros apresentam forte crescimento ao longo dos anos, entre os brancos os índices de mortalidade são muito menores quando comparados aos primeiros e, em muitos casos, apresentam redução.

Apenas em 2018, para citar o exemplo mais recente, os negros (soma de pretos e pardos, segundo classificação do IBGE) representaram 75,7% das vítimas de homicídios, com uma taxa de homicídios por 100 mil habitantes de 37,8. Comparativamente, entre os não negros (soma de brancos, amarelos e indígenas) a taxa foi de 13,9, o que significa que, para cada indivíduo não negro morto em 2018, 2,7 negros foram mortos. Da mesma forma, as mulheres negras representaram 68% do total das mulheres assassinadas no Brasil, com uma taxa de mortalidade por 100 mil habitantes de 5,2, quase o dobro quando comparada à das mulheres não negras.

Este cenário de aprofundamento das desigualdades raciais nos indicadores sociais da violência fica mais
evidente quando se constata que a redução de 12% da taxa de homicídios ocorrida entre 2017 e 2018 se
concentrou mais entre a população não negra do que na população negra (tabela 17). Entre não negros, a
diminuição da taxa de homicídios foi igual a 13,2%, enquanto entre negros foi de 12,2%, isto é, 7,6% menor.

Por seu turno, vale ressaltar também que os estados que concentraram as maiores taxas de homicídios
contra pessoas negras pertencem às regiões Norte e Nordeste. Roraima foi a UF com a maior taxa de homicídios de negros em 2018 (87,5), vindo em seguida Rio Grande do Norte (71,6), que ocupava a primeira posição no Atlas da Violência 2019, Ceará (69,5), Sergipe (59,4) e Amapá (58,3). A Bahia assumiu a 8ª posição neste ranking negativo, com o índice de 50,8 mortes de negros. Na razão de risco relativo de morte entre negros e não negros, a Bahia aparece em 7º, com uma taxa de 3,3. Isso significa que no estado os negros tem 3,3 mais chances de morrer do que não negros.

Após uma análise dos dados, fica latente que a chance de um negro ser assassinado é muito superior quando comparada à de um não negro. Isso acontece em quase todos os estados brasileiros, com a exceção do Paraná, que em 2018 apresentou taxa de homicídios de não negros superior à de negros. “Assim, quando o assunto é vulnerabilidade à violência, negros e não negros vivem realidades completamente distintas e opostas dentro de um mesmo território. Alagoas, para citar o exemplo mais emblemático, é o estado que apresenta maiores diferenças de vitimização entre negros e não negros, com taxas de homicídio de negros sendo 17,2 vezes maiores do que a de não negros”, afirma o relatório.

Fonte: União Notícias

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