Uma extensa nuvem de fumaça de queimadas encobre Manaus desde segunda-feira (7) vinda de diferentes pontos da Amazônia. Os índices de focos de queimadas na região permanecem elevados e vêm batendo recordes históricos desde julho. Entre 1º e 8 de setembro de 2020, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou no Amazonas 2.002 focos, um número 170% superior ao mesmo período de 2019, quando o estado teve 742 focos.
O estado do Pará teve um aumento mais expressivo, com 3.468 focos de queimadas, representando um aumento de 253% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o Inpe detectou 983 focos.
“Os sete primeiros dias de setembro estão indicando três vezes mais [focos de queimadas] que no mesmo período do ano passado – e isso, considerando ainda que nos dias 1º e 2 de setembro de 2020, por limitação técnica do satélite, muitos focos não puderam ser registrados. Ou seja, esta primeira semana de setembro se apresenta preocupante quanto ao uso ilegal do fogo no Amazonas”, disse à Amazônia Real o coordenador de monitoramento de queimadas do Inpe, Alberto Setzer.
Um gráfico elaborado pelo coordenador do Inpe, com exclusividade para a Amazônia Real, mostra a trajetória de partículas de fumaça que chegaram em Manaus na terça-feira (8). Cada marca nas curvas indica um intervalo de 6 horas e o registro foi feito ao longo de 96 horas.
“A origem é no Pará, abrangendo até o sul do Estado quatro dias atrás. Em Manaus, os ventos estão vindo de leste para oeste e de sudeste para noroeste. O que também inclui fumaça emitida no leste e centro-leste do Amazonas”, informou Setzer, nesta terça-feira. Pelos registros do Inpe e outras instituições consultadas, a reportagem detectou concentração de queimadas nos municípios de Novo Progresso, São Félix do Xingu e Altamira, no Pará, e Lábrea, Apuí e Boca do Acre, no Amazonas.
Além da fumaça, na terça-feira um apagão deixou Manaus sem energia elétrica por quase duas horas, potencializando a já alta temperatura, em torno de 37 graus. A empresa Amazonas Energia informou que o fornecimento de energia foi interrompido por problemas técnicos no linhão de Tucuruí, operado pelo Operador Nacional do Sistema (ONS). O blecaute provocou outro transtorno à população: a interrupção de abastecimento de água, afetando todos os bairros de Manaus. Nesta quarta-feira, o serviço ainda não foi reativado em toda a cidade.