Em entrevista ao Jornal da Manhã, da TV Bahia, Rui comentava o comportamento negligente de pessoas que fazem aglomerações e contribuem para aumentar os níveis de transmissão da doença, quando se emocionou ao falar sobre a história de um pai que perdeu a filha de 16 anos para a doença.
“Eu não sei qual a religião dessas pessoas, se são católicas, evangélicas, mas a nossa espiritualidade não pode ficar na retórica. Quantas vidas humanas serão necessárias para justificar meu comportamento? ‘Ah, eu tenho direito individual de ficar bêbado, de encher os bares. Eu tenho o direito individual de ir para paredão nas ruas. O seu direito individual é superior a dor de mães e pais que estão perdendo seus filhos? Antes de dar entrevista, eu vi um pai desesperado porque perdeu a filha de 16 anos para Covid”, desabafou, com a voz embargada.
Rui pediu desculpas e tentou seguir a entrevista, mas chorou novamente ao lembrar de questionamentos que recebe sobre como as medidas restritivas para combater a doença afetam a economia. “É duro você receber mensagem, as pessoas lhe perguntando ‘e o meu negócio e a minha loja?’ O que é mais importante: 48 horas de uma loja funcionando ou vidas humanas?”, afirmou, em lágrimas.
O governador disse ainda que a população parece ter decretado, por conta própria, o fim da pandemia e criticou a condução do governo federal na crise sanitária. “O Brasil vai entrar para a história como o país que pior tratou da doença.”
A Bahia vive o pior momento desde o início da pandemia. Neste domingo (1º), o estado bateu recorde de internados, com 983 pessoas em leitos de UTI Covid, número que inclui crianças e adolescentes. Na sexta (26), outro triste recorde: 137 mortos pela doença em 24h. Na manhã desta segunda, a Bahia tem 84% dos leitos de UTI adultos ocupados. Para diminuir a pressão no sistema de saúde, o governo abriu neste domingo (28) 27 leitos, sendo 17 deles de terapia intensiva.