Dados publicados, no final do mês de março, pela Federação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-Ba) chamam a atenção para o índice de endividamento das famílias baianas, cerca de 60%. Ao todo mais de 550 mil famílias possuem algum tipo de dívida, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pelo órgão.
Embora esse número esteja atrelado à sexta queda consecutiva, quando saiu de 61% para 60%, ainda é um quantitativo que preocupa especialistas, apesar de destacarem que qualquer cidadão que tenha realizado uma compra no cartão de crédito, por exemplo, faz parte dessa estatística. Independente do perfil sócio-econômico, existem uma série de fatores que contribuem para esta realidade, explica o administrador Luciano Castro, coordenador geral dos cursos de gestão da Rede UniFTC.
“Nos últimos anos houve uma maior liberação do crédito. Por conta disso, a população teve acesso ao mercado, na maioria das vezes usando financiamentos. O brasileiro já tem um perfil de consumir bastante e como as pessoas acharam facilidades, elas passaram a comprar mais, e acima do seu poder aquisitivo. A médio prazo isso gera endividamento, pois os consumidores, inicialmente, conseguem arcar com esse compromisso, mas tendem a perder o controle pelo acúmulo das diversas dívidas adquiridas ao longo do tempo”, disse Castro.
Entre os vilões do endividamento, o cartão de crédito ocupa, sem dúvida, o primeiro lugar, devido à taxa de juros considerada muito alta. “Na medida em que o brasileiro compra no cartão e deixa de pagar, por alguma razão, uma parcela da fatura ou faz uso do pagamento mínimo da prestação, os juros que estão inseridos neste processo são altíssimos e vira uma bola de neve”, observou o administrador.
Segundo uma pesquisa divulgada, em fevereiro deste ano, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o percentual de dívidas com cartão de crédito atingiu 80,5% em janeiro. No mesmo período do ano passado a taxa chegou a 79,8%. A pesquisa mostra ainda que entre os principais motivos para as dívidas de janeiro deste ano foram carnês (16,8%), financiamentos de veículos (9,9%) e crédito (8,4%).
Outro ponto importante é o cenário da pandemia causada pela Covid-19. “A pandemia gerou uma crise econômica que fez com que muita gente perdesse renda. Então, às vezes existia um planejamento familiar relacionado a uma faixa de renda, mas o marido ou a mulher perdeu o emprego, dificultando a continuidade da programação dos pagamentos”, destacou o coordenador Luciano Castro.
Importância da Educação Financeira
Aprender a lidar com as finanças é um dos segredos para uma vida confortável e bem-sucedida. Histórica e culturalmente, o brasileiro não possui uma formação na área de educação financeira, considera o professor Castro, ressaltando que o ideal é incentivar a educação e organização financeira desde o início da vida dos indivíduos.
“Organize suas despesas e receitas numa planilha, defina seus objetivos de curto, médio e longo prazo, trabalhe com um cronograma das suas metas, invista com critérios, nada de colocar tudo na poupança e aprenda a cortar gastos. Saber investir, adequadamente, o dinheiro a médio e longo prazos pode assegurar uma boa condição de vida para o investidor numa idade mais madura, garantindo sua independência financeira”, pontuou Luciano Castro.
Vania Castro