BAHIA

Juazeiro: Governador se reúne com lideranças políticas. Cadê as mulheres, os negros, LGBTQIAP+ da esquerda?

Na quarta-feira (18), o governador Jerônimo Rodrigues (PT) convocou em Salvador uma reunião com as lideranças da base aliada em Juazeiro. Na ocasião, o governador destacou a importância política de Juazeiro e a necessidade de união das forças políticas para garantir a vitória em 2024.

Os participantes da reunião no final fizeram uma foto emblemática. Na imagem só tinha homens brancos, cisgêneros, alguns endinheirados e moradores de condôminos de luxo em Juazeiro, e que, sem constrangimento algum, muitos fazem discursos pró igualdade de gênero, racial e social na política.

Quando o PC do B e os partidos de esquerda assumiram a prefeitura de Juazeiro em 2009, as políticas de afirmação ou de compensação estavam em alta no governo de Lula, os municípios somente as reproduziam na sua totalidade. Inclusive o partido em Juazeiro nunca teve um projeto para governar a cidade, teve a sorte de ter um governo federal com recursos e políticas públicas em pleno vapor.

Na gestão de Isaac Carvalho (2009 a 2012) o partido não teve um negro, um LGBTQIAP+ e uma mulher para disputar com chances uma vaga na Câmara de Vereadores. Assim como no secretariado também não tinha um negro, um LGBTQIAP+, e a única mulher que participou foi Maria José (PC do B), mas logo saiu para dar lugar a um homem.

Durante a gestão de Isaac Carvalho (2013 a 2016) novamente é marcada pela ausência de nomes com trajetórias nos movimentos LGBTQIAP+ e Negro, e com pouca participação de mulheres, além de Célia Regina (PT) teve também contadora Zalitéa Mendes, com rápida participação.

No mandato de Paulo Bomfim (2016 a 2020), eis de novo a ausência de um LGBTQIAP+, de um negro, embora tenha três mulheres como secretárias, todas são partes de acordos políticos, e não da compreensão do protagonismo sociopolítico da mulher.

Há muito tempo algumas mulheres tem tentando uma vaga na Câmara de vereadores de Juazeiro. Maria José, Lorena Pesqueira, Érica Daiane (mandato coletivo); Meirinha (mandato coletivo) Carmem da Maniçoba, Poliane Amorim, muitas foram preteridas por candidaturas de homens brancos e cisgêneros, muitos sem nenhuma participação na militância de esquerda, mas eram somente parte de uma projeto misógino de poder.

Crescemos em sociedades onde os padrões patriarcais, racistas, misóginos estão enraizados de tal maneira que nos amarram os pés e sem grande esforço da sociedade torna-se quase impossível avançar. Esses padrões nos ditam normas, uma pauta a seguir que muitas vezes nos achamos incapazes de questionar.

Infelizmente, é assim que funciona algumas gestões do PC do B/PT na região. Surpreso? Há muito tempo que o discurso de defesa das minorias não cola mais, é apenas jogo de retórica para animar a militância, na prática eles são tão misóginos, homofóbicos e racistas quanto qualquer extremista de direita.