O Juiz da comarca de Remanso, na Bahia, fundamentado nos fatos e provocado pela solicitação dos trabalhadores rurais, por meio de advogados da Comissão da Pastoral da Terra, CPT, deu uma liminar em favor dos trabalhadores rurais da Fazenda Angico, que é composta por oito povoados, (comunidades), Angico dos Dias, Açu, Queimada Grande, Baixãozinho, Baixão Novo, Baixão grande, Aroeira, Poço do Baixão, além, de mais três povoados, pertencentes a Vila Santo Antônio do Peixe, ( Peixe), e, ainda, um pouco de terra no Peixe e no Feijão, que pertence ao município de Pilão Arcado na Bahia.
A liminar foi expedida somente depois que os grileiros contrataram pistoleiros para atuar como supostos seguranças, na construção de uma casa e uma suposta rede de energia elétrica, além de um poço artesiano, em uma parte de terra da área grilada, que corresponde a mais de 45 mil hectares de terras.
Os criminosos atiraram contra um grupo de mais de 50 trabalhadores rurais, dos povoados Angico dos Dias e do Açu e outros trabalhadores de outras regiões, que estavam apoiando o movimento de defesa das terras griladas.
Havia agentes da Pastoral da Terra, (CPT), um deles foi atingido por um dos disparos na mão, numa clara tentativa de chacina contra os trabalhadores rurais, que tentavam convencer os grileiros a não construírem uma casa, em uma área de fundo de pasto.
A tentativa de chacina ocorreu no sábado, dia 02 de setembro de 2023, pela manhã, no sitio Açu, divisa com o Angico dos Dias e com Caracol, no Piauí, deixando três vítimas, fato comprovado através de vídeos. Segundo as vítimas, os criminosos estavam com uma pistola, um revolver e um rifle, com silenciador. Informações confirmadas também por fontes ligadas a associação Fundo de pasto da região, que tem como presidente e um dos líderes do movimento de combate a grilagem, Edinei Soares, ( Neim).
Esta luta dos trabalhadores rurais teve inicio desde o final de 2013, quando funcionários da Mineradora Galvani, resolveram participar da fraude de documentos que beneficiava o grileiro Vanderlei Dias da Cost, que era à época, funcionário da Mineradora Galvani e o seu primo José Dias Soares, um dos acusados de atirar contra as vítimas da tentativa de chacina, no sitio Açu, em 02 de setembro de 2023.
Esta não é a primeira decisão contra os grileiros. A primeira decisão foi dada, por unanimidade, no TJ da Bahia, em 05 de agosto de 2014, quando o relator do processo, o ex – desembargador Gesivaldo de Brito, porém os grileiros não respeitaram a decisão, fraudaram nova documentação e retomaram as invasões culminando com o ataque, ous seja, a tentativa de chacina contra os trabalhadores rurais, em setembro de 2023.
Entre os atiradores estava um policial civil, investigador da policia civil de Campo Alegre de Lourdes, que aparece com uma pistola em punho e efetuando o primeiro disparo, que iniciou a tentativa de chacina contra trabalhadores rurais, mas esta não foi a primeira vez que ele se envolveu na grilagem na fazenda Angico, em uma outra ocasião, por volta de 2017, para 2018, ele o agente da policia civil, já havia sido retirado do povoado Angico dos Dias escoltado por viaturas da PM, por está dando guarida aos grileiros na invasão das terras, com o agravante de que ele estava utilizando a viatura da policia civil, na primeira vez que saiu dela escoltado, para não ser preso, por um grupo de trabalhadores que se reuniram, para lhe dar voz de prisão, em flagrante delito.
Segundo o site da, CPT: “A liminar de reintegração foi concedida no dia 19 de outubro; na ação possessória movida por membros das comunidades em face da empresa Agrolife Agricultura do Brasil Ltda, seus sócios Carlos Manuel Subtil Duarte, Paulo Jorge Stricket, e José Dias Soares Neto, que se diz gerente da empresa. De acordo com a liminar de reintegração de posse, os réus/invasores têm o prazo de 48 horas para desocupação voluntária da área invadida, sob pena de pagamento de multa diária de R$ 2 mil reais por dia”.
A tentativa de grilagem de terras chegou ao ápice de extrema violência no dia 2 de setembro, quando pistoleiros que estavam vigiando a obra da Agrolife dispararam tiros contra um grupo de moradores, atingindo três pessoas. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia, as prisões dos autores dessas tentativas de homicídios foram decretadas, no entanto, até o momento, a prisão de nenhum dos envolvidos, (entre eles um policial civil do município) foi realizada.
Faremos uma série de reportagens sobre a ação destruidora da mineradora Galvani, no Povoado Angico dos Dias, sobre a grilagem de terras, sobre a série de fogo que tem ocorrido na fazenda Angico, desde quando iniciou a segunda fraude em documentos das terras griladas e sobre a violência nos povoados envolvidos na grilagem, município campo – alegrense.
Reportagem: Editor Dorgival Farias, do Blog Angico dos Dias Notícias.
