A Polícia Civil da Bahia fechou o quebra-cabeça do desaparecimento de Fabiana Correia Cardoso, de 43 anos, ao reconstituir, em ordem cronológica, como ocorreu o crime que terminou em feminicídio e ocultação de cadáver. O inquérito aponta que a vítima foi morta no próprio estabelecimento comercial, em Periperi, e teve o corpo destruído em etapas, numa tentativa deliberada de eliminar provas.
Dois suspeitos pelo crime foram indiciados pelos crimes de feminicídio e ocultação de cadáver com a conclusão do inquérito sobre o crime, que aconteceu em setembro. Veja o que mostra a investigação.
11 de setembro – o dia do crime
Essa foi a última data que familiares tiveram contato com Fabiana. No início da noite, por volta das 18h, Fabiana estava no mercadinho de sua propriedade, onde mantinha sociedade comercial com o ex-companheiro, mesmo após o fim do relacionamento. O primo dele, que havia passado a frequentar o local e prestar serviços semanas antes, também estava presente. Segundo a investigação, os dois participaram do crime. Eles derrubaram a vítima no chão; ela foi esganada e, ainda semiconsciente, atingida com golpes no pescoço até a morte.
Após o homicídio, o corpo foi colocado em um freezer. Facas usadas na tentativa de desmembramento e o próprio freezer apresentaram vestígios genéticos da vítima e sangue feminino, elementos que mais tarde seriam decisivos para a comprovação do crime.
13 de setembro – transporte e queima
Dois dias depois, o cadáver foi retirado do freezer, colocado em um tonel e levado para outro endereço: um imóvel em Mussurunga, onde funcionava uma hamburgueria ligada ao ex-companheiro da vítima. No local, os restos mortais foram queimados por horas. Antes disso, houve ainda o uso de substâncias corrosivas e inflamáveis, numa tentativa de acelerar a destruição do corpo e apagar rastros.
14 de setembro – descarte dos resíduos
15 de setembro – registro do desaparecimento
Sem notícias desde o dia 11, familiares procuraram a polícia e registraram boletim de ocorrência. A ausência de qualquer justificativa para um afastamento voluntário levantou suspeitas imediatas.
Segunda quinzena de setembro – investigação do crime
Mesmo sem a localização do corpo, o conjunto probatório foi considerado robusto pela polícia. A tentativa de destruição de vestígios não impediu a comprovação do homicídio nem das ações posteriores voltadas à ocultação do cadáver.
Com a conclusão do inquérito, dois homens – entre eles o ex-companheiro da vítima – tiveram a prisão preventiva decretada e foram indiciados por feminicídio e ocultação de cadáver. O caso foi encaminhado ao Poder Judiciário.
“Mesmo diante da tentativa deliberada de destruição de vestígios, as provas técnicas reunidas demonstram de forma inequívoca a ocorrência do homicídio e as ações posteriores voltadas à ocultação do cadáver”, diz o delegado André Carneiro.



