BRASIL

Covid-19 mata um jornalista por dia no Brasil, revela pesquisa

A Covid-19 mata, em média, um jornalista por dia no Brasil. Entre janeiro e abril de 2021, a categoria assistiu à perda de 124 colegas para a doença, uma média de 31 por mês, bem acima da média verificada em 2020, que foi de 8,3 óbitos/mês, segundo dados de um levantamento realizado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). No total, já são 213 profissionais mortos.

Os números fazem parte do “Dossiê Jornalistas Vitimados pela Covid-19”, documento elaborado pela Fenaj com a ajuda dos sindicatos de todo o país. Na Bahia, levantamento do Sinjorba (entidade da classe na Bahia) mostra que mais de 350 profissionais contraíram a doença, com o registro de oito mortes.

O presidente da entidade, Moacy Neves, acredita que os dados ainda não mostram a situação real. “A pesquisa está em andamento, inclusive coletando e apurando dados anteriores e todos os dias incluímos novas informações ao dossiê”, informa.

A Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab) publicou no Diário Oficial do Estado (DOE) nesta quinta-feira, 20, a resolução que entende que jornalistas, cinegrafistas e blogueiros registrados com idade superior a 40 anos são considerados grupos prioritários para a vacinação contra a Covid-19. A medida tem gerado críticas, inclsuive do Ministério Público da Bahia (MP-BA).

O MP-BA enviou à Comissão Intergestores Bipartite (CIB) uma orientação solicitando que o grupo se ‘abstenha’ de adicionar novos grupos como prioritários na fila da vacinação. Apesar disso, a Sesab seguiu com a publicação da resolução.

Apesar da publicação no DOE, ainda não existe nenhuma previsão de quando estes profissionais serão de fato vacinados, já que cada município monta seu próprio cronograma de acordo com as doses disponíveis dos imunizantes. O prefeito de Salvador, Bruno Reis, já deu a entender que pretende seguir com a vacinação a partir da idade, não por grupos prioritários.

Nesta quinta, 20, o Sinjorba terá audiência com o GT Coronavírus do MP-BA. “Pedimos este encontro com o MPE para explicar os números que justificaram o pleito de prioridade feito pelo Sinjorba aos gestores de saúde na Bahia”, diz Moacy. Ele explica que o pedido foi feito no estado porque o governo federal sequer respondeu ao ofício que a entidade protocolou em março passado.

Mortes cresceram 124%

Outro estudo publicado este mês pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), “Boletim Emprego em Pauta”, chama muito a atenção e comprova que as mortes no setor de comunicação são maiores do que aparecem.

Para organizar o boletim, a organização apurou os dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), divulgados pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, e revelou uma situação dramática.

No 1º trimestre de 2020 foram registrados 194 desligamentos por morte de profissionais no setor de Informação e Comunicação. Em comparação aos números do 1º trimestre de 2021, verifica-se que as mortes saltaram para 435, um crescimento de 124,2%.

Na página 5 do estudo, a tabela “Número de Desligamentos por Morte no Emprego Celetista – 1º trimestre de 2020 a 1º trimestre de 2021 – Brasil” mostra que só os campos “médicos” e trabalhadores do ramo de “eletricidade/gás” registraram mais desligamentos por morte que o setor de “Informação/Comunicação”.