BRASIL EDUCAÇÃO

Crise gerada por escândalo do MEC beneficia ACM Neto e implode planos do PT

A turbulência gerada pelo recente cerco ao ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, acusado de envolvimento no esquema de corrupção irrigado com o caixa do MEC, tende a beneficiar ACM Neto (União Brasil) na corrida pelo governo estadual, avaliam integrantes do núcleo político da pré-campanha do ex-prefeito de Salvador. Sobretudo, calculam, caso a crise se agrave ainda mais, no rastro das suspeitas de interferência e vazamento nas investigações. O que pode enfraquecer de vez o presidente Jair Bolsonaro (PL) e, por efeito direto, desidratar nomes apoiados por ele nos estados. Tal cenário levaria grande parte do bolsonaristas baianos a trocar o ex-ministro João Roma (PL) por Neto já no primeiro turno.

Tchau, querido!
A tese é a de que o eleitor puro-sangue de Bolsonaro na Bahia não pensará duas vezes antes de abandonar Roma, diante de sinais concretos de derrota na disputa presidencial. Com a reeleição em cima do telhado, o foco da parcela fiel ao presidente será despejar os votos em Neto para defenestrar o PT do governo do estado.

Cova aberta
Os possíveis danos causados ao presidente pelos desdobramentos do escândalo no MEC elevou o grau de preocupação entre cardeais do PT baiano. Nos planos do partido, a capacidade de João Roma em atrair a maioria dos eleitores abrigados no bolsonarismo é considerada fundamental para impedir a vitória de ACM Neto no primeiro turno e tentar garantir a presença do candidato petista a governador, Jerônimo Rodrigues, no segundo. Entretanto, a tática depende totalmente de um Bolsonaro competitivo. Se ele estiver fragilizado a ponto de desidratar, por tabela, seu representante na sucessão estadual, a esperança depositada pelo PT em Roma vai morrer de véspera.

Conta de somar
Na contabilidade da base aliada ao governo Rui Costa, Neto reúne votos na fatia historicamente alinhada ao carlismo, no bloco de simpatizantes do ex-presidente Lula (PT) e na parcela moderada dos apoiadores de Bolsonaro, enquanto Roma aglutina a ala mais radical dos eleitores do presidente. A migração dessa tropa para o grupo do ex-prefeito, a reboque da nova crise, é justamente a maior fonte de tensão na cúpula petista.

Saída à direita
A resistência do senador Otto Alencar (PSD) em assinar o pedido de criação da CPI do MEC é atribuída por aliados do parlamentar ao receio de irritar o eleitorado de direita que tem ele como opção para a batalha do Congresso. Em especial, evangélicos e antipetistas convictos, segmentos sensíveis a quaisquer atitudes que pareçam adesão à pauta de interesse do arco esquerdista.

Correio*