A Bahia foi o estado brasileiro com o maior número de assassinatos nos últimos oito anos, com registro de pelo menos 49,5 mil homicídios entre 2015 e 2022, conforme dados coletados pelo UOL no Painel de Monitoramento do SIM (Sistema de Informação sobre Mortalidade), do Ministério da Saúde.
Conforme reportagem divulgada neste sábado (19/08), o número é 40% maior do que o do segundo colocado, ocupado pelo Rio de Janeiro. Na época a Bahia era administrada pelo atual ministro da Casa Civil, o ex-governador Rui Costa.
O SIM detalha as mortes por local de ocorrências, idade, sexo e raça. Os registros de 2022 ainda são parciais e podem ter novas inclusões. A Bahia (49,5 mil) lidera o ranking, seguida por Rio de Janeiro (35,1 mil), Pernambuco (31,8 mil), Ceará (30,7 mil) e São Paulo (30,1 mil).
Dados do anuário são confiáveis
O Anuário da Segurança Pública, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, tem como metodologia as informações das polícias e secretarias de todos os estados. Muitas vezes os números são informados apenas por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação). O próprio governo federal utiliza os dados do fórum em suas políticas públicas para segurança.
Os números do Ministério da Saúde deixam claro que a gestão Rui Costa teve uma violência acima da média nacional. Além disso, o UOL afirma que o governo petista foi marcado por ataques a grupos que cobravam mais transparência nos dados. Com a quarta maior população do país, a Bahia sempre teve patamares altos de violência. Isso também aconteceu na gestão do atual senador Jaques Wagner (PT), que antecedeu Rui.
No índice mais atual de mortes violentas por agressão, calculado com base na taxa por 100 mil habitantes, em 2021, a Bahia aparece em segundo lugar, com taxa de 43,1. Em primeiro, está o Amapá com 46. O cálculo foi feito em colaboração com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
“Epidemia de violência homicida”
Os dados do SIM são padronizados e levam em conta as declarações de óbito emitidas por médicos com a causa da morte. Eles deixam claro que o estado sofre com uma alta “epidemia de violência homicida”, como a ONU (Organização das Nações Unidas) classifica locais com taxas de homicídio acima de 10 por 100 mil homicídios.
O Sistema de Informação sobre Mortalidade ainda revela que as mortes na Bahia atingem de forma desproporcional os negros. Entre os anos de 2015 e 2021, com dados já finalizados, das 44,1 mil mortes por agressão, pelo menos 40,3 mil (90%) foram de pessoas pretas ou pardas —há ainda 1.200 que não tiveram raça identificada nas declarações de óbito.
A violência alta também vale para a letalidade policial. A Bahia teve registradas nos dados do SIM, até 2021, 3.690 mortes praticadas em intervenções legais, atrás apenas do Rio de Janeiro.
Nesse caso, vale ressaltar que os dados da Saúde não computam todas as mortes por intervenções legais, apenas aquelas que constam na causa da morte indicada pelo laudo do IML (Instituto Médico Legal).
Fonte: Informe baiano