Integrantes da cúpula petista avaliam que Jair Bolsonaro usa a mesma estratégia adotada por Lula antes de ser preso no âmbito da Operação Lava Jato. O ex-presidente tem convocado atos em sua defesa para reunir apoiadores e viajado o país para ecoar suas bandeiras.
Quando estava na mira da Lava Jato, o petista viajou o Brasil, inclusive em caravanas organizadas pelo partido. Uma delas chegou a ser alvo de tiros no Paraná. Na época, Lula denunciava perseguição sofrida por Sergio Moro, que era o juiz da Lava-Jato. Em 2021, Moro foi considerado suspeito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e todas as ações contra o petista acabaram anuladas, o que possibilitou sua volta à e sua eleição como presidente da República em 2022.
No dia da prisão de Lula, em abril de 2018, houve uma grande comoção popular em torno do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), onde estava o petista. Nos 580 dias atrás das grades, um acampamento de apoio a Lula foi erguido em um terreno ao lado da sede da Polícia Federal de Curitiba, onde ele ficou detido.
Na mira da Polícia Federal, Jair Bolsonaro tem rodado o país em busca de mostrar força para o Judiciário e evitar uma ordem de prisão. O ex-presidente usa as manifestações que convocou, como a do Rio de Janeiro, para tentar se desvincular da trama golpista descoberta pela Polícia Federal.
— Estado de sítio é uma proposta que o presidente pode submeter ao Parlamento — disse Bolsonaro, negando que ele tenha feito uma minuta de golpe. O documento que abriria espaço para uma intervenção militar chegou a ser discutido com os comandantes das Forças Armadas, segundo os depoimentos do ex-chefe do Exército, Freire Gomes, e da Aeronáutica, Baptista Júnior, à PF.
A agenda de viagens do ex-presidente seguirá intensa. Neste fim de semana, ele vai para Aracajú e, depois, tem viagens programadas para Manaus, Belém, além de cidades do Piauí, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. O próximo ato convocado por Bolsonaro para reunir apoiadores será em Joinville (SC).
Com a trajetória marcada por confrontos com membros do Judiciário, em especial, o ministro Alexandre de Moraes, Bolsonaro tem evitado fazer ataques diretos aos magistrados, com receio de ir para a cadeia antes de ter uma condenação. O ex-presidente, no entanto, tem tentado se colocar como “perseguido político”, mesmo em meio às provas e depoimentos que já vieram à tona de seu envolvimento num plano de golpe de Estado.