O tempo é de muitas reflexões e pausas na correria frenética pela sobrevivência, não somente econômica, mas social. A necessidade de pertencimento ao um grupo social além da família nos impele a ter que abdicar dos momentos intrafamiliar, para não senti-se isolado socialmente.
A pandemia causada pelo novo coronavirus, que dispense toda a paranoia sobre a sua origem e as suas intenções econômicas, tem um lado positivo e bom para a humanidade, e é nisso que devemos perceber. De acordo com a sabedoria oriental, toda crise é o momento em que há ameaça e medo, mas também é o período em que existe inúmeras oportunidades.
Com a pandemia do coronavirus, temos a chance de mudar, de alterar padrões de comportamento para evoluir. Nesse momento de tantas incertezas e mortes reais, a quarentena propõe o retorno a família, não no sentido moral, mas social e de importância singular.
Quantas vezes deixamos de trabalhar para ficar em casa curtindo a família, num programa em família, com contato mais próximo, de compartilhar a rotina, de brincar com o filho pequeno, de assistir filmes juntos? A quarentena nos traz essa oportunidade de saúde emocional.
No Brasil há menu recheado de religiões e crenças, que causaria inveja no mais religioso dos orientais, mas a intolerância, a discriminação e a falta de empatia são proporcionalmente crescentes.
Para vencer a pandemia do coronavirus, a fé é algo importantíssimo. A oração, a meditação, a mentalização, a reza, o terço e a devoção podem surtir um efeito estrondoso, não somente no seu bem-estar, mas para as milhares de pessoas infectadas e para mundo. Os templos e as igrejas estão fechados, mas o seu coração deve estar aberto para interceder.
O vírus que traz a possível morte e caos, traz um pouco de alivio ao planeta, a nossa Mãe Gaia. Há uma sintonia fina e uma forte interdependência entre nós e todos os seres. Quando nos colocamos numa posição de domínio, dissociados do meio ambiente, essa conexão é rompida e o desequilíbrio põe em xeque a continuidade da existência. Desde que passamos a estrangular os ecossistemas, destruindo habitats ou invadindo o espaço de outras criaturas, vivemos às voltas com pragas, extinção de espécies, e surtos de novas doenças.
“Por causa do fechamento de fábricas e lojas, e de restrições a viagens para lidar com a epidemia da covid-19, houve um declínio substancial no consumo de combustíveis fósseis no país asiático. A queda foi de pelo menos 25% na emissões de dióxido de carbono (CO₂) em três semanas. A China emitiu 150 milhões de toneladas métricas (mtm) de CO₂ a menos que no mesmo período do ano passado, o que equivale a todo o dióxido de carbono que a cidade de Nova York emite em um ano. E uma redução de 25% nas emissões da China corresponde a uma diminuição global de 6%”.
A pandemia causada pelo coronavirus parece que foi suficiente para convencer os líderes a respeitar a biodiversidade e migrar para uma economia de baixo carbono, para buscarmos o respeito ao meio ambiente, o retorno ao convívio familiar e ao exercício da fé. O coronavírus infelizmente tem cumprido este papel.