A ministra alemã do Meio Ambiente, Svenja Schulze, afirmou que vai congelar o financiamento de cerca de R$ 155 milhões para projetos de proteção da floresta e da biodiversidade na Amazônia diante do aumento do desmatamento na região. O anúncio foi feito em uma entrevista ao jornal alemão “Tagesspiegel” publicada neste sábado.
Schulze afirmou que “a política do governo brasileiro na Região Amazônica deixa dúvidas se ainda se persegue uma redução consequente das taxas de desmatamento”. A ministra explicou ainda que o financiamento poderá retornar caso essa questão seja esclarecida.
De acordo com a reportagem, o primeiro passo do congelamento se refere a um montante de cerca de 35 milhões de euros, o equivalente a cerca de R$ 155 milhões.
A publicação alemã ressaltou que a iniciativa internacional de mudança climática do ministério alemão forneceu historicamente fundos significativos para projetos no Brasil. De 2008 até o ano passado, de acordo com a pasta, informa o “Tagesspiegel”, cerca de 95 milhões de euros foram repassados.
A reportagem diz ainda que “Enquanto o governo do presidente da direita, Jair Bolsonaro, está comprometido com o objetivo do Acordo Climático de Paris de reduzir o desmatamento ilegal de florestas a zero até 2030 e o reflorestamento massivo, a realidade é diferente. Um dos maiores defensores de Bolsonaro é o lobby agrário”.
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os alertas do desmatamento dispararam no mês passado. Em julho, foram atingidos 2.254,9 km². No mesmo mês em 2018, esse índice ficou em 596,6 km². Comparando ambos os lados, trata-se de um aumento de 278%.
Fundo Amazônia
O governo alemão é o segundo país que mais repassou recursos para oFundo Amazônia , criado em 2008 para financiar ações de conservação e combate ao desmatamento. De seu orçamento total (R$ 1,8 bilhão), o fundo tem cerca de R$ 1 bilhão aplicados em 103 projetos de diferentes origens — são de governos estaduais da região, órgãos federais (Embrapa e Inpe, entre outros) e organizações da sociedade civil.
Em dez anos, a Noruega repassou ao fundo R$ 1,2 bilhão, seguido por Alemanha (que desembolsou R$ 68 milhões) e a Petrobras (R$ 7,7 milhões). O depósito de recursos estrangeiros depende do desempenho dos projetos desenvolvidos até agora.
Os projetos apoiados pelo Fundo, que é presidido pelo ministro do Meio Ambiente, contribuem para a gestão de 190 unidades de conservação. Neste leque estão 65% de todas as terras indígenas da Amazônia.
Fonte: O Globo