Por: José Miguel Joaquim
Lembro de acordar pela madrugada em 93 e ligar televisão e assistir à festa do São Paulo e de sua torcida por ser campeão mundial – as ruas em festa, o Telê parecendo um menino e o Raí vivendo um sonho. Não entendia o que era aquilo, mas queria participar ou como protagonista ou como torcedor daquele momento – gosto do hino do São Paulo por me lembrar dessa sensação.
Hoje, vi as imagens da torcida do Flamengo ao encaminhar o time para o aeroporto – e para a grande missão. Depois li os comentários do Jorge Jesus e seu espanto com tudo aquilo. E refleti, futebol é mais que um esporte ou entretenimento ou empreendimento, é uma loucura, uma PAIXÃO.
É como esperar à lealdade nos filmes de Faroeste ou final feliz nos romances, ou ainda, é como esperar o belo na arte ou a beleza na mulher. É assim que esperamos a emoção no futebol. As surpresas não nos surpreendem, os sofrimentos das decisões – principalmente dos pênaltis – dão um gostinho a mais, e principalmente, a loucura, o amor, a raça e a paixão do torcedor é o combustível desse espetáculo, é a mocinha correndo perigo, é o Rock quase morrendo no último round ou o drama em Shakespeare.
Portanto, River versus Flamengo é mais que uma partida decisiva para um esporte, ou uma grande audiência para TV. É um último capítulo duma novela, uma final de Copa, uma apuração de votos duma eleição, é uma cena final onde o herói está prestes a morrer, uma revelação de um crime pelo Sherlock, é AMOR a uma PAIXÃO.
Seja torcedor ou não, o Brasil parará para assistir a final da Libertadores – e é isto que esqueceu, tanto mídia, jogadores, dirigentes ou empresários, no Brasil -, porque o brasileiro ama ser LOUCO POR FUTEBOL.