O coronavírus está mudando a maneira com que pensamos sobre o corpo humano. Ele virou uma arma, diz o filósofo camaronês Achille Mbembe.
Ao sair de casa, afinal, podemos contrair o vírus ou transmiti-lo a outras pessoas. Já há mais de 735 mil casos confirmados e 34 mil mortes no mundo. “Agora todos temos o poder de matar”, Mbembe afirma. “O isolamento é justamente uma forma de regular esse poder”.
Mbembe, 62, é conhecido por ter cunhado em 2003 o termo “necropolítica”. Ele investiga, em sua obra, a maneira com que governos decidem quem viverá e quem morrerá — e de que maneira viverão e morrerão.
Ele leciona na Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo. Na sexta-feira (27), a África do Sul registrou as primeiras mortes pelo coronavírus.
A necropolítica aparece, também, no fato de que o vírus não afeta todas as pessoas de uma maneira igual.
Há um debate por priorizar o tratamento de jovens e deixar os mais idosos morrerem. Há ainda aqueles que, como o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), insistem em que a economia não pode parar, mesmo se parte da população precisar morrer para garantir essa produtividade.
“Alguns vão morrer? Vão morrer. Lamento, essa é a vida”, disse o brasileiro recentemente.
Fonte: Bahia Noticias