JUAZEIRO POLÍTICA

A Violência Política De Gênero, Joga Pá De Cal Na Luta Das Feministas, E Reafirma O Machismo

O debate sobre a violência contra as mulheres na política tem ganhado força em âmbito internacional. No Brasil, entretanto, esta se mantém invisibilizada, mesmo diante de casos emblemáticos que seguem se multiplicando.

Em Juazeiro, nos últimos 12 anos, a violência política contra as mulheres cresceu assustadoramente, principalmente nos governos ditos de esquerda ou progressistas. Com espaços sempre relegados a papéis subalternos, as mulheres foram preteridas no parlamento, e aquelas que lograram êxito, conseguiram com os seus esforços, e nenhuma estava filiada a um partido dito de esquerda ou progressista.

Na quinta-feira (03) o prefeito Paulo Bomfim (PT) reuniu a imprensa para anunciar o seu vice para as eleições em novembro deste ano. O nome escolhido foi de Charles Leão, acusado de agredir a sua companheira, denunciado por tortura e outros crimes. Nenhuma surpresa na escolha do vice na chapa petista, é a luta pelo poder, a qualquer custo.

A única tensão percebida na coletiva foram as ausências dos partidos PDT e PSD, ambos queriam indicar o vice na chapa. No campo ideológico um silêncio obsequioso e subserviente. Mas na sexta-feira (04), surgiu uma luz de possível tensão ideológica contra a escolha do vice na chapa de Paulo Bomfim.

O PCdoB que tinha lançado, e feito intensa campanha para que a psicóloga e feminista Lorena Pesqueira fosse indicada para ser a vice na chapa de Paulo Bomfim, anunciou uma coletiva para informar o seu posicionamento sobre a escolha de Charles Leão como vice.

Teria sido mais honroso e respeitoso com as mulheres, se o PCdoB tivesse engolido calado a preterição de uma mulher comunista e feminista na chapa do candidato do PT. A própria Lorena Pesqueira foi incumbida de falar. Numa fala organizada num bloco de anotações, não foi algo espontâneo, ela vergonhosamente declina da sua condição de pré-candidata a vice, e enaltece a escolha de Charles Leão.

“A oposição quer diminuir a nossa história e a nossa credibilidade, iremos honrar Juazeiro, dentro de um contexto de lutas”.

Lorena poderia ter ficado calada, ou não ter seguido um roteiro, talvez organizado por um homem, macho, hétero e misógino. Na sua fala canhestra, ela faz referência ao suposto preconceito que sofreu por ter feito campanha para ser escolhida como vice.

“A luta é por igualdade, eu ajudei construir esse projeto com mulheres, e é com Paulo Bomfim, esse guerreiro. Quero convidar o delegado Charles Leão para resiginificar a sua história, e me coloco a disposição para aprender”. Mas adiante ela continua, “Porque nós convivemos com os machistas, e é isso é uma desconstrução do machismo, daqueles que querem diminuir a mulher, vamos ajudar as mulheres a não se deixarem diminuir”.

Um dia antes da coletiva que anunciou a escolha de Charles Leão como vice, Lorena Pesqueira usou as redes socais para afirmar a sua disposição de lutar pela vaga, “LORENA VEM AÍ, SIM! seja como for, Juazeiro será representada, pois quando uma mulher entra na política, ela rompe barreiras e eu quero romper todas que estiverem ao meu alcance. Não me calo, não me canso e não desisto!”

No final, sem ter mais o que falar, Lorena leu a parábola da serpente e do vaga-lume, algumas pessoas questionaram se serpente era Paulo Bomfim, e o vaga-lume era o povo de Juazeiro.

A coletiva do PCdoB, colocou uma pá de cal na história da feminista Lorena Pesqueira, assim como de outras ditas feministas filiadas e simpatizantes em Juazeiro, que não conseguem perceber a violência que sofrem nas mãos perversas dos companheiros e camaradas machistas.

As guerreiras feministas irão ajudar a Charles Leão a ressignificar-se como homem, e irão aprender com ele. Ficando claro que todo o resto da sociedade, são um bando machistas escrotos, mesmo sem terem espancados as companheiras mulheres, sem ter torturado em jovem preto e pobre, sem estarem envolvidos em escândalo de roubo, apenas fizeram uns cards horríveis, e isso sim é inadmissível, é imperdoável em uma sociedade democrática e patriarcal, né verdade?

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