O que você faria se estivesse preso em um aeroporto sem saber se vai conseguir voltar para casa? A cineasta Karol Azevedo fez o esboço de um curta-metragem que estará na edição deste ano de um dos principais festivais do mundo cinematográfico. A animação baiana “Maratonista da Quarentena”, criado por Karol e por Eduardo Tosta, foi selecionado para integrar a Short Film Corner do Festival de Cannes. A categoria garante ao filme participante e a seus realizadores uma programação com workshops e conferências que tratam de questões estratégicas, além de encontros com grandes nomes da indústria do cinema. (veja aqui)
Em um papo com o Bahia Notícias, a cineasta baiana conta como foi o processo de criação do curta, que foi finalizado em menos de 48 horas, até a expectativa para a categoria que estão participando no festival.
Karol detalha que a ideia nasceu quando estava presa no aeroporto de Santiago, no Chile, enquanto tentava voltar para Salvador no início das medidas restritivas para conter o avanço do novo coronavírus.
“Logo após a OMS [Organização Mundial da Saúde] declarar o estado de pandemia, era um dia em que o Chile tinha decretado o fechamento das fronteiras para o dia posterior, 18 de março [do ano passado]. Eu estava tentando ir embora e tinha muitas pessoas no aeroporto, desesperadas tentando voltar para casa de alguma maneira. A primeira ilustração que eu fiz, ‘a do rapaz correndo com o vírus nas costas’, esse era o cenário que eu via, o desespero das pessoas, algumas já de máscara e outras indo a todo momento no banheiro lavar as mãos… Foi assim que surgiu a primeira ilustração, de forma bem descomprometida.”
Após retornar para Salvador, Karol conta que precisou se adaptar ao momento, trabalhando em home office e passando a expressar a forma que se sentia através das ilustrações. “Eu estava voltando de férias, mas estava precisando ficar dentro de casa, tendo que me adaptar ao home office e daí eu comecei a ilustrar um pouco do como eu ia me sentindo e como eu ia vendo as pessoas se expressando nas redes sociais. Daí os amigos começaram a sugerir ilustrações e a cada dia eu ia fazendo uma. Durou em torno de 15 dias e depois disso eu fui me sentindo um pouco exausta de estar naquele ‘loop’, e voltei a trabalhar porque já tinha acabado minhas férias,” lembra.
Ao ser questionada sobre como começou a fazer ilustrações, a baiana diz que “é algo que vem desde criança, a partir do momento que começou a desenvolver uma coordenação motora e contar histórias através dos fanzines que desenvolvia na infância”.
A grande expectativa da dupla com a seleção na categoria Short Film Corner no Festival de Cannes é ir para a França, desenvolver um network e ganhar visibilidade no cenário cinematográfico, com intenção de conseguir financiamento para execução de projetos que estão sendo desenvolvidos.
A edição de 2021 do Festival de Cannes foi adiada para julho deste ano por causa da pandemia do coronavírus (veja aqui), mas ainda não divulgou mais informações sobre qual formato adotará. A edição de 2020 foi cancelada e não teve adaptação para um formato digital. (veja aqui)