Diante do momento de maior desgaste do governo até agora, aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) começaram a traçar estratégias de olho nas eleições de 2022. Apesar de no quadro nacional o Palácio do Planalto apostar na melhora da economia e na superação da pandemia a partir da vacinação em massa contra a Covid, na região Nordeste a preocupação é por conta da força histórica do provável oponente de Bolsonaro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A ideia de alguns desses aliados para a região é trocar o nome do Bolsa Família. Em 2018, o mandatário superou Fernando Haddad (PT) em todas as regiões do Brasil, exceto no Nordeste.
De acordo com reportagem da Folha, o quadro atual é mais delicado, principalmente pela provável participação de Lula na próxima eleição. Segundo interlocutores, que falaram à Folha sob condição de anonimato, o plano de Bolsonaro para a região é centrado na inauguração de obras e na repaginação do Bolsa Família, que deve ser turbinado.
O Bolsa Família foi criado a partir da unificação de diferentes ações sociais. O lançamento ocorreu no final de 2003. O governo federal acha que será preciso mudar o nome do programa justamente para tentar ligar os pagamentos à imagem de Bolsonaro.
Ainda de acordo com a Folha, o novo batismo deve ser incluído no projeto de reformulação sendo preparado para entrar em vigor após o fim das últimas parcelas do auxílio emergencial. A previsão é que isso ocorra em dezembro.
Outro diagnóstico que preocupa o Planalto é que, no Nordeste, os governadores têm conseguido capitalizar politicamente o avanço da vacinação. Todos os gestores nordestinos militam na oposição e devem apoiar adversários de Bolsonaro na eleição presidencial.
Um dos ministros mais próximos ao presidente reconhece que, na região, o Bolsa Família é visto como obra do PT, e a vacina, dos governadores.
Diante desse cenário, assessores presidenciais defendem que o Planalto reforce a mensagem de que a todas as vacinas contra a Covid foram compradas pelo governo federal.
Essa estratégia, no entanto, enfrenta obstáculos na retórica antivacina do próprio Bolsonaro, que tem um histórico de declarações questionando a eficácia de imunizantes.
Por: BNews