BAHIA POLÍTICA

Célia Regina deixa o PT: “Andarão dois juntos se não estiverem de acordo?”

Por meio da presente ‘Carta Aberta’, informo ao povo baiano e juazeirense fim e início de ciclos entre mim e o Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras – PT e o Partido Socialismo e Liberdade – PSOL.

Da minha trajetória política como mulher, mãe, feminista, à esquerda desde sempre e lulista atualmente (voto em Lula no atual cenário, independente de partido):

Sou grata ao PT por todas as oportunidades que pude conquistar para, juntos construirmos um Brasil decente: construímos!

O PT me ensinou o que melhor pude aprender no sentido de trabalhar com seriedade e amor por uma nação livre: trabalhei por 20 anos ocupando funções públicas!

Honestidade eu aprendi com meus pais. A prática dela me foi possível durante as duas décadas de serviço público representando o Partido dos Trabalhadores em órgãos estadual e municipal.

Do fim do ciclo petista:

Nasci livre, mas a minha liberdade feminina e feminista foi conquistada com muita dor, noites sem dormir, renúncias e até violências. E, o preço dessa liberdade me leva ao entendimento de que, a partir da imposição do governador Rui Costa ao informar o MDB – na Bahia da família Vieira Lima – como vice na chapa majoritária, a minha obrigação com o PT se finda.

Das razões:

Se é necessário, devo lembrar à todas as pessoas que me dão a honra de ler essa missiva que, TODAS
AS MAZELAS ora enfrentadas com sofrimento pelo povo brasileiro, a partir da desastrosa gestão do presidente da República, se deve unicamente ao golpe contra o povo brasileiro orquestrado e encabeçado pelo MDB.

Não, a violência não foi só contra Dilma Rousseff. Foi contra o Brasil. Foi contra todas nós mulheres. Foi contra a minha família. Foi contra mim e as minhas filhas.

Não, a prisão de Lula não foi uma injustiça somente contra ele. A dor machucou o Brasil. Afrontou a nossa democracia. Atingiu à mim e à todo povo brasileiro e também da América Latina.

Não! Não cometerei violência contra tudo que sempre defendi por acreditar e não apoiarei a presença do homem do bunker milionário para, junto comigo e outros companheiros, governarmos a Bahia.

Não! Eu não tenho argumentos que ajudem ao eleitor baiano a optar por votar numa chapa composta pela família que, não bastasse apoiar e conduzir o golpe contra o Brasil, amontoou em um imóvel bem aqui na Bahia, milhões de dólares de origem questionável.

Despeço-me, portanto, do PT.

Sobre o PSOL:

Aprendi a amar o Partido Socialismo e Liberdade – PSOL por sua coragem e obstinação em defender a mulher, a população LGBTQIA+, ao povo negro e as comunidades tradicionais.

O PSOL me faz acreditar e enxergar que podemos lutar pelo fortalecimento e valorização de um povo sem colocar a mera ambição pelo poder como prioridade.

No PSOL fiz amizades que levarei para a eternidade e aqui cito o querido e saudoso professor Paulo José e a sua filha Valentine Oliveira atual presidenta da legenda municipal. Jaime Badeca o doce, mas valente advogado juazeirense. Laina Crisóstomo, mulher preta, gorda, lésbica e vereadora em Salvador. E, com muita honra, o professor Fábio Nogueira, meu candidato ao senado baiano na eleição passada, quando me recusei à votar num certo coronel também indicação do companheiro Rui Costa.

Concluo reafirmando que:

Essa Carta Aberta é sobre gratidão e respeito ao PT e ao PSOL. O primeiro por tantos ensinamentos e o segundo pela acolhida honrosa.

Essa carta é também sobre o meu exercício em praticar a liberdade por mim conquistada para declarar: Não votarei na chapa que ora representa a misoginia, o machismo e a antidemocracia!

Dilma Rousseff não sofreu um impedimento: foi golpe!

Célia Regina Carvalho Arouca
Ex vice-presidenta estadual do PT na Bahia