Até junho de 2021, 86% dos estudos genômicos foram conduzidos em indivíduos de ascendência europeia. Para piorar, esse abismo só aumenta: em 2016, essa taxa estava em 81%.
Esses são alguns dados revelados em um artigo que foi publicado no periódico especializado Nature Medicine em fevereiro de 2022.
Nessa conta, são consideradas as pesquisas sobre genética humana, realizadas principalmente por acadêmicos e cientistas. Um dos objetivos de todas essas investigações é entender o nosso DNA e encontrar mutações ou características de alguns grupos e etnias que ajudem a explicar a origem das doenças — e possam servir de base para o desenvolvimento de novas ferramentas de diagnóstico e tratamentos.
O artigo lista uma série de propostas para ampliar a diversidade nas pesquisas genômicas que tentam desvendar as origens dos seres humanos e os fatores por trás de diversas doenças.
Para isso, defendem os pesquisadores, é preciso ampliar dramaticamente a quantidade de testes genéticos feitos na África, no Sudeste Asiático e na América Latina.
A BBC News Brasil conversou com o geneticista computacional Segun Fatumo, que é o autor principal do trabalho.
Nascido na Nigéria, o cientista é professor associado de epidemiologia genética e bioinformática da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, no Reino Unido, e lidera o Grupo de Pesquisa em Genômica Computacional Africano, localizado em Uganda.
Fatumo alerta que a falta de diversidade no conhecimento sobre a genética não é apenas ruim para os povos que são desprezados nos estudos, mas para toda a humanidade. A ausência de um conhecimento mais amplo sobre o DNA e suas variações impede descobertas sobre a origem de muitas doenças e o desenvolvimento de novos métodos de diagnóstico e tratamento para as enfermidades.