PETROLINA

Petrolina 127 anos: conheça a origem de pontos turísticos que marcam a história do município

Os 127 anos de Petrolina, comemorados nesta quarta-feira, 21 de Setembro, podem ser contados através de pontos turísticos que destacam o crescimento do município em diferentes áreas. Do Aeroporto Senador Nilo Coelho, porta de entrada para os turistas e ponto de partida para as frutas que conquistam o mundo, ao Bodódromo, centro gastronômico que atrai milhares de pessoas, a história da cidade, que abriga cerca de 350 mil pessoas, é construída dia após dia.

Como falar da história petrolinense sem citar a imponente catedral? E o parque municipal Josepha Coelho, que virou ponto de encontro, saúde e ajuda a pulsar a vida da cidade? Ainda tem o Museu do Sertão, que em um único espaço, lembra histórias e pessoas que fizeram o município crescer.

A maioria dos petrolinenses e visitantes já foi ou ouviu falar sobre, no mínimo, um desses espaços. O que muita gente não sabe, é como eles foram criados. E é essa história que o g1 Petrolina, em parceria com o historiador Jota Menezes, preparou para celebrar os 127 anos da cidade.

Para falar da Catedral do Sagrado Coração de Jesus, o historiador Jota Menezes recorre à frase profética de seu idealizador, o primeiro bispo da cidade, Dom Antônio Maria Malan, mais conhecido como Dom Malan, que atuou em Petrolina durante sete anos:

“Construindo a casa de Deus, todo o resto virá por acréscimo”.

Menezes lembra que, ao chegar em Petrolina, Dom Malan encontrou uma cidade pobre, “a cidade esquecida”, como aponta o padre Francisco José Cavalcanti no livro Catedral de Petrolina – Profecia e Evocação.

Bispo italiano Dom Malan  — Foto: Juliane Peixinho/ G1

Bispo italiano Dom Malan — Foto: Juliane Peixinho/ G1

A princípio, segundo o historiador, apesar dos problemas da Diocese, o bispo aprovou a ideia do então vigário da Freguesia de Petrolina, Frei José de Monsano, de reformar a Igreja Matriz (Igreja Matriz de Nossa Senhora Rainha dos Anjos). Porém, “com vigor nos seus 60 anos de idade, resolveu construir um templo novo”, o que mudou a história da cidade. A ‘pedra fundamental’ da catedral foi lançada no dia 02 de fevereiro de 1925.

Fundação

A Igreja do Sagrado Coração de Jesus, mais conhecida como a Catedral de Petrolina, é o “monumento magno” da cidade, com seu estilo arquitetônico Neogótico, projetado pelo Padre francês Carlos Maximiano Cottar e inspirado em templos europeus ou como escreveu o poeta José Raulino Sampaio, é o “Poema de pedra”.

Registro da construção da Catedral — Foto: Divulgação/ Tv Grande Rio

Registro da construção da Catedral — Foto: Divulgação/ Tv Grande Rio

O templo foi construído entre 1924 e 1929, com uma colaboração ativa da população que se empenhou e atendeu ao chamado do bispo que contratou a empresa Odebrecht para erguê-la. A inauguração da catedral aconteceu no dia 14 de novembro de 1929.

Importância para a cidade

A catedral de Petrolina é um símbolo não só religioso e espiritual, mas sobretudo do ideal desenvolvimentista que acompanhou a cidade desde a chegada do bispo na segunda década do século XX.

Para contar a história do Aeroporto Internacional Senador Nilo Coelho, Jota Menezes nos faz viajar para o ano de 1933, quando foi inaugurado o primeiro campo de pouso de Petrolina. O local ficava entre as imediações de onde funciona uma revendedora de veículos e a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf).

Em 28 de março de 1941, o projeto foi ampliado e deu início a operação do trecho Rio de Janeiro – Bom Jesus da Lapa – Petrolina – Recife, realizada pela aeronave Beechcraft 18, operada pela empresa Navegação Aérea Brasileira – NAB.

O que parecia ser uma obra promissora e expansiva, logo se tornou um desafio, devido ao rápido desenvolvimento urbano de Petrolina, fator que deixou a área de pouso praticamente ilhada no centro da cidade. Além da inviabilidade de circulação e da insegurança, o local precisava lidar com a constante presença de animais e pessoas próximas da pista de pouso.

Antigo Aeroporto de Petrolina — Foto: Reprodução

Antigo Aeroporto de Petrolina — Foto: Reprodução

Assim, nasceu o projeto de construção do aeroporto que conhecemos hoje. Mais afastado da cidade, localizado a 10 km do centro de Petrolina, na Rodovia BR 235, a obra foi oficialmente inaugurada em 28 de outubro de 1981. Três anos depois, o local iniciou a linha comercial com aviões de grande porte como o Boeing 737, ligando quatro vezes por semana, Petrolina-Salvador-Recife.

Petrolina no cenário da economia internacional

O ano de 2000 marcou o crescimento do Aeroporto, alavancando, consequentemente, a exportação da produção de frutas, quando o local foi habilitado para o tráfego aéreo internacional de cargas.

A mudança na estrutura do aeroporto foi fundamental para o desenvolvimento estratégico regional do Vale do São Francisco, impulsionando a economia na dinâmica de exportação e outras modalidades de negócios.

Assim, Petrolina estava conectado com grandes centros urbanos do Brasil e do exterior, bem como no transporte de passageiros, através do Aeroporto Internacional Senador Nilo Coelho.

Atualmente, o Aeroporto Senador Nilo Coelho tem capacidade para receber, aproximadamente, 1,5 milhão de passageiros por ano. Em 2022, após processo de privatização, o aeroporto passou a ser administrado pela Grupo CCR.

Parque Municipal Josepha Coelho

Parque Municipal Josepha Coelho — Foto: Emerson Rocha / g1 Petrolina

Parque Municipal Josepha Coelho — Foto: Emerson Rocha / g1 Petrolina

Inaugurado em 2002, o Parque Municipal Josepha Coelho possui cerca de 160 metros quadrados e está localizado no bairro Maria Auxiliadora, local onde funcionava o antigo aeroporto. O nome do parque foi uma homenagem a Josepha Coelho, mãe do ex-governador de Pernambuco e senador Nilo Coelho. O parque é administrado pela Prefeitura de Petrolina e abre diariamente, das 5h da manhã às 22h, incluindo os feriados.

O historiador Jota Menezes destaca que, junto ao crescimento da cidade, “a chegada do parque veio para transformar a área urbana e oferecer mais qualidade de vida, contribuindo com a preservação do habitat natural”. Assim, a ideia de espaço ecológico logo caiu no gosto da população. As pessoas se identificaram com o novo local, que passou a ser ponto de encontro da comunidade, contribuindo com o bem-estar das pessoas.

Parque Municipal Josepha Coelho — Foto: Emerson Rocha / g1 Petrolina

Parque Municipal Josepha Coelho — Foto: Emerson Rocha / g1 Petrolina

Além de agradar o público, o Parque Municipal Josepha Coelho também atende às demandas socioambientais, visto que os projetos de sustentabilidade são fundamentais para o desenvolvimento socioeconômico. Assim, o município passou a investir mais no ambiente do local.

As últimas reformas e serviços de manutenção do espaço ocorreram em 2003, 2016 e 2020. Junto a isso, nos últimos anos, a prefeitura de Petrolina implantou o Projeto ‘Nossa Árvore’, onde, de acordo com a gestão, foram plantadas mais de 800 mudas nativas da caatinga, com objetivo de deixar o local ainda mais arborizado para receber visitantes e turistas.

Bodódromo

Bodódromo, em Petrolina — Foto: Emerson Rocha / g1 Petrolina

Bodódromo, em Petrolina — Foto: Emerson Rocha / g1 Petrolina

Para quem curte culinária regional, Petrolina também é referência com um dos locais mais marcantes e simbólicos da cidade. O Bodódromo é um retrato fiel de como o sabor da comida típica agrega valor e reforça a identidade local. O complexo de restaurantes especializado em pratos à base de carne de caprino ou de ovino é uma atração turística, localizada na Avenida São Francisco, bairro de Areia Branca.

Inaugurado em setembro de 2000, o espaço ocupa uma área de quase 30 mil metros quadrados com dez restaurantes, oferecendo pratos já conhecidos da tradicional culinária sertaneja como linguiça, buchada, sarapatel, além dos pratos que são novidades, como o filé de bode e a pizza de bode.

Além dos pratos regionais, há outras opções como massas, frango, carne bovina, entre outros. Uma das iguarias mais solicitadas é o carneiro assado, acompanhado de feijão de corda, arroz, farofa, salada de tomate, purê de macaxeira cozida, macaxeira frita, pirão de bode e depois passada na manteiga.

Antes do surgimento do Bodódromo, aquela área, como destaca Jota Menezes, “era ocupada por barracas de feirantes, os quais, comercializavam comida à base de carne (especialmente espetinhos) e outros pratos populares como a buchada, oferecidos aos domingos nos encontros de famílias ou pessoas interessadas em comida regional”.

Além de um atrativo importante do turismo e da culinária regional, o espaço também é um impulsionador do desenvolvimento local, fortalecendo o setor de prestação de serviço e estimulando o sentimento de pertencimento e identidade na comunidade.

Hoje, o Bodódromo recebe mais de 300 mil pessoas por ano, dentre turistas e moradores da região.

Museu do Sertão

Museu do Sertão, em Petrolina — Foto: Emerson Rocha / g1 Petrolina

Museu do Sertão, em Petrolina — Foto: Emerson Rocha / g1 Petrolina

Narrativas, respeito, legado e a preservação da história do homem e da mulher sertanejos. Essas são as premissas que compõem o espaço do Museu do Sertão. Último ponto turístico desta reportagem, é nele que moradores e visitantes podem mergulhar nos 127 anos de Petrolina.

Inaugurado em outubro de 1973, por ocasião das celebrações do Cinquentenário da Diocese de Petrolina, o Museu do Sertão ocupa uma área de 1.045 metros quadrados, com cerca de 3.500 peças, que contam a história da cidade e da região.

Estrutura

Museu do Sertão em Petrolina — Foto: Emerson Rocha / g1 Petrolina

Museu do Sertão em Petrolina — Foto: Emerson Rocha / g1 Petrolina

Dividido em três salões, o museu traça uma linha do tempo do modo de vida e do povo sertanejo onde, no primeiro pavimento, o destaque é a flora e a fauna da região, artefatos e objetos que expressam as tecnologias da época. Em seguida há um jardim ecológico, finalizando com a “Petrolina Antiga”.

Logo após, estão as peças arqueológicas com objetos do cangaço, réplica, móveis e utensílios da primeira metade do século XX e peças dos povos indígenas. Os visitantes também podem conferir um acervo rico em fotografias, mostrando o tráfego e a travessia de pessoas e embarcações antes da construção da ponte Presidente Dutra.

Museu do Sertão -  galeria dos ex-prefeitos de Petrolina — Foto: Emerson Rocha / g1 Petrolina

Museu do Sertão – galeria dos ex-prefeitos de Petrolina — Foto: Emerson Rocha / g1 Petrolina

Com outras peças expostas, o museu perpetua a história da Igreja Católica, apresentando vestuários pertencentes ao primeiro bispo da cidade, Dom Malan, além de imagens que retratam o antigo aeroporto e a construção da Catedral que conhecemos hoje.

Ao longo de quase 50 anos, o prédio do Museu do Sertão passou por reformas e ampliação em 1996 e mais recentemente, em 2017. O local está situado na Rua Esmelinda Brandão, Centro e funciona de terça a sexta, das 7h às 11h30 e no sábado, das 7h às 10h.

Fonte: G1