BAHIA ELEIÇÕES 2022

‘Se não é do PT não vale?’ ACM Neto rebate críticas por se declarar pardo

Ex-prefeito de Salvador e candidato ao governo da Bahia ACM Neto (União Brasil) disse que a esquerda é “hipócrita” por comentários em relação a sua autodeclaração como pardo ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Para o político, as críticas de adversários são uma tentativa de desestabilizar a sua campanha, e questionou outros candidatos.

“É uma clara demonstração de hipocrisia. Por quê? Rui Costa, governador cuja cor de pele não tem nenhuma diferença para a minha, se autodeclarou pardo na eleição de 2018, quando disputou o governo do Estado. O candidato ao governo do estado da Bahia pelo PT (Jerônimo Rodrigues) se autodeclarou indígena”, disse, em entrevista para a coluna de Malu Gaspar em O Globo.

Além de Rui Costa e Jerônimo Rodrigues, ACM Neto destacou outros políticos baianos, tais como o candidato a vice-governador do PT, Geraldo Júnior. Segundo o candidato do União Brasil, o adversário “que tem a mesma cor de pele que a minha, se autodeclarou pardo”. O ex-prefeito de Salvador também citou a deputada federal Alice Portugal (PCdoB) e o deputado estadual Rosemberg Pinto (PT).

“Quer dizer, para os políticos de esquerda tudo bem, pode. Quando você não é de esquerda ou não é do PT, não vale? Ora, isso é uma hipocrisia, algo inaceitável. Do lado de lá ninguém fala nada, porque todos eles, que têm cor de pele praticamente igual à minha ou até mais clara, como é o caso da deputada Alice Portugal, podem se autodeclarar pardos”, continuou.

A questão tem causado acusações de que ele teria buscado se beneficiar das cotas do fundo eleitoral. Em 2020, o TSE decidiu que a distribuição dos recursos do FEFC (Fundo Especial de Financiamento de Campanha) e do tempo de propaganda eleitoral gratuita deve ser proporcional ao total de candidatos negros que o partido apresentar ao pleito.

“Bronzeado”. A polêmica alavancou quando, em entrevista à TV Bahia, afiliada da Rede Globo, ACM Neto foi questionado sobre a autodeclaração. Internautas apontaram que ele parecia “bronzeado” mas, ao Estadão, o candidato negou ter passado por qualquer procedimento de bronzeamento artificial.

“Eu me considero pardo. Você pode me colocar ao lado de uma pessoa branca, há uma diferença bem grande. Negro não, jamais diria isso”, disparou o candidato.

Ao ser explicado que pardos compõem a população negra segundo o IBGE ( Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) o candidato reagiu: “Então o erro é do IBGE, não é meu. Simplesmente isso”.