BRASIL ELEIÇÕES 2022

Janones e apoiadores de Lula fazem ataques homofóbicos nas redes; PT silencia

Publicações do deputado federal André Janones (Avante-MG), principal cabo eleitoral do petista Luiz Inácio Lula da Silva nas redes sociais, e de apoiadores do ex-presidente espalharam ataques homofóbicos nas plataformas digitais. Insinuações sobre a sexualidade do recém-eleito deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e do pastor André Valadão foram usadas como arma contra o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição ao Palácio do Planalto pelo PL.

Na fase do vale-tudo da campanha no segundo turno – impulsionada por apoiadores do PT -, uma imagem de uma cena de sexo oral entre dois homens viralizou na internet, anteontem. Nikolas foi apontado como um dos participantes do vídeo, o que ele negou. De acordo com o deputado mais votado do Brasil nesta eleição, Janones ficou “pesquisando pornô gay” para encontrar um ator que se parecesse com ele.

Desde então até ontem, Janones e apoiadores de Lula usaram expressões pejorativas para atacar os adversários. “Mete a boca”, escreveu Janones ao comentar uma postagem na qual Nikolas anunciou participação em um debate com o deputado eleito Guilherme Boulos (PSOL-SP). Janones afirmou que Nikolas “é bocudo demais”, além de dizer que o deputado “não fecha a boca um segundo”.

Na esteira, a jornalista Patrícia Lélis, agora apoiadora de Lula, usou termos como “viadão” e “chupetinha”. No Instagram, ela compartilhou montagem de dois homens abraçados sem camisa, com os rostos de Nikolas e Valadão no lugar. No Twitter, o pastor, que já foi alvo de Janones, afirmou que as ilações são “mentiras da esquerda manipuladora”.

Procurado, o PT, que historicamente diz defender a diversidade sexual, não respondeu aos questionamentos da reportagem. A assessoria de imprensa de Lula afirmou que as publicações de Janones são de responsabilidade do deputado. O Estadão mostrou, no entanto, que o parlamentar participa de reuniões estratégicas e integra a coordenação de campanha do petista. Janones, Patrícia e o Avante não responderam.

Reação

Nas redes sociais, internautas – inclusive apoiadores de Lula – se opuseram à atitude de Janones e Patrícia, acusando-os de homofobia. A reportagem entrou em contato com o deputado e a jornalista, além do Avante e PT, mas não obteve resposta até a conclusão desta edição.

O deputado saiu em autodefesa na internet. Ele reclamou de “uma pequena parte do campo progressista” – a quem chamou de “elitista” e “preconceituosa” – que faz críticas a ele. “Nenhuma dessas pessoas sofreu qualquer ameaça ou intimidações por suas opiniões e críticas, nem da minha parte nem por parte dos meus seguidores”, escreveu. “Estou lutando para que vocês tenham o direito de me chamarem de homofóbico, sensacionalista, mentiroso, baixo, ou o escambau, sem temerem pela própria vida por isso.”.

Janones comparou a campanha eleitoral a uma “guerra”. “Em um confronto bélico, quem é contra as armas de fogo só tem uma duas opções: usar a arma de fogo ou ser morto por ela! Eu escolho a primeira opção!”. Já Patrícia disse no Instagram que vai “jogar o jogo dos bolsonaristas”.

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