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Salvador é a cidade mais conectada e inteligente do Nordeste, diz estudo

Ela foi chegando aos poucos e se inserindo na vida dos soteropolitanos de forma tão sutil que muitos nem se deram conta, mas a tecnologia que está presente em diversas atividades do dia a dia colocou Salvador no primeiro lugar do Nordeste no Ranking Connected Smart Cities, que aponta as cidades mais conectadas e inteligentes do país. A capital baiana também subiu um degrau na escala nacional e agora ocupa o 9º lugar.

A tecnologia está presente no bilhete eletrônico do transporte público, no metrô que faz o deslocamento de grandes multidões sobre trilhos, nos semáforos inteligentes que amenizam os congestionamentos, nas sirenes de monitoramento de área de risco que evitam tragédias e no sistema de iluminação eletrônico que ajuda a diminuir o valor da conta de luz. Hoje, já é possível resolver pendências com o Município de forma on-line.

Esses e outros serviços foram observados e estudados pelo o Ranking Connected Smart Cities que apresenta indicadores desenvolvidos pela consultoria Urban Systems, que qualificam as cidades mais inteligentes e conectadas do país. O objetivo é mapear os municípios com maior potencial de desenvolvimento no Brasil.

O secretário municipal de Tecnologia e Inovação (Semit), Samuel Araújo, comemorou os resultados e disse que poderiam ter sido ainda melhores se não houvesse uma pandemia no caminho. Ele lembrou que o Plano Diretor de Tecnologias da Cidade Inteligente (PDTCI), iniciado na gestão do então prefeito ACM Neto, estabelece metas e investimentos na área pelos próximos 30 anos, e contou novidades.

“Vamos lançar em breve uma plataforma que vai concentrar todos os serviços da prefeitura em um único lugar, vamos distribuir internet gratuita nas praças e parques da cidade, e estamos construindo uma infovia com mais de 800 km de fibra óptica, com uma rede de multisserviços própria e independente. Ficamos muito felizes com o ranking, porque é o resultado de muito trabalho”, afirmou.

No ranking nacional, Salvador ficou no top 10, em nono lugar. O estudante de engenharia Rafael Carvalho, 20 anos, contou que não consegue conceber a cidade sem as novidades tecnológicas, e listou a relação que tem com alguns dos serviços.

“Eu uso o bilhete eletrônico para pagar o transporte e faço a recarga dele de forma virtual. Com a cobertura 4G e o wi-fi disponíveis em muitos locais, acesso os aplicativos de serviços públicos, da faculdade, do banco e resolvo tudo de forma on-line. Vejo filmes, ouço músicas, uso QR Code para comprar, pagar e serve até como comprovante de ingresso”, contou.

Os pesquisadores afirmam no estudo que a tecnologia está atrelada ao desenvolvimento socioeconômico, ambiental e sustentável das cidades. E a conectividade entre os setores é apontada como crucial para atingir esses objetivos. Um dos exemplos citados é de que o investimento em saneamento traz ganhos ambientais, mas também reduz a longo prazo as despesas com saúde e tem reflexo direto na economia.

“O entendimento das potencialidades locais e regionais permitem a atração de investidores e a criação de cursos atrelados às cadeias produtivas da região, que irão repercutir na atração de empresas e ampliação dos clusters, bem como possibilitar uma melhoria na condição social, que terá impacto em todos os demais setores”, diz o estudo.

Foram analisadas inteligência, conexão e sustentabilidade em 11 setores: mobilidade, urbanismo, meio ambiente, energia, tecnologia e inovação, economia, educação, saúde, segurança, empreendedorismo e governança.

O coordenador e professor do Colegiado de Sistemas de Informação Unex, Rafael Brasil, explicou que a tecnologia pode contribuir para um mundo mais sustentável, como a economia de papel gerada com as versões digitais dos documentos, mas frisou que ela reflete uma mudança de comportamento e destacou a importância de novos modelos de negócio que pensem soluções inovadoras.

“Primeiro é preciso desmistificar o conceito de sustentabilidade. As pessoas pensam somente em meio ambiente, mas temos que pensar no rearranjo da sociedade. Durante a pandemia, por exemplo, vimos como o uso de aplicativos foi intensificado. Uma cidade que não investe em tecnologia vai ficar no passado. É preciso estar atento às necessidades da sociedade, como otimização de tempo, praticidade e velocidade, que também são demandas feitas pelos investidores”, explicou.

Os pesquisadores coletaram dados e informações de todos os municípios brasileiros com mais de 50 mil habitantes, o que corresponde a 680 cidades, e se reuniram com representantes da sociedade civil nos municípios mais bem avaliados.

Destaque
A cidade também se destacou em outros três rankings. O setor de urbanismo foi onde Salvador mais avançou, foram sete pontos de diferença em relação a última pesquisa, alcançando a 7ª posição dentre as mais desenvolvidas. Os pesquisadores observaram questões como investimento per capito em urbanismo, capacidade de atendimento urbano de água e de esgoto, e a quantidade da população vivendo em área de adensamento.

No setor de Tecnologia e Inovação Salvador caiu quatro pontos na comparação com a pesquisa anterior, mas ainda ficou com a 8ª posição no país. Essa área observou questões como velocidade média das conexões contratadas, bilhete eletrônico, semáforos inteligentes, cobertura 4G, porcentagem de empregos formais de nível superior e no setor de TI, e atendimento ao cidadão pode meio de aplicativo ou site, entre outros pontos.

A capital baiana avançou uma posição também em relação a empreendedorismo e ocupou o 9º lugar. Nesse quesito foram considerados o crescimento das empresas de tecnologia, das empresas de economia criativa, das microempresas individuais, e o desenvolvimento de parques tecnológico e de incubadoras.

Os pesquisadores analisaram publicações internacionais e nacionais sobre o tema de cidades inteligentes, conectadas, sustentáveis e demais artigos sobre assuntos correlatos, elaboraram indicadores e relacionaram com os municípios brasileiros.