ELEIÇÕES 2022

Eleições e saúde mental: o adoecimento psíquico da população durante o período eleitoral

Com o segundo turno das eleições, e a polarização incidente na sociedade contemporânea, principalmente no cenário de disputa presidencial entre o ex-presidente Lula e o atual chefe do Executivo Jair Bolsonaro, os relatos de ansiedade, medo, irritabilidade e falta de sono, entre outros sintomas, tornaram-se ainda mais evidentes e presentes entre a população brasileira.

Com o país dividido, as discussões acaloradas atingem não só desconhecidos e amigos, mas também as famílias brasileiras. Relatos de pais e filhos brigados, netos e avós que deixaram de se falar devido às divergências políticas estão mais presentes.

Com a internet e o imediatismo das informações, nem sempre verídicas, esse desconforto e esses confrontos tomaram conta da corrida presidencial.

De acordo com a cientista política Priscila Lapa, a falta de consenso entre a população é latente sobre diversos temas como sistema eleitoral, pandemia da Covid-19, universidade pública e vacinas, o que divide a sociedade.

Cientista política Priscila Lapa. Foto: Melissa Fernandes/ Folha de Pernambuco

“Como você reforma, como você muda um país politicamente se a gente não sabe para onde vai? Uma metade quer caminhar para um lado, a outra quer ir para o outro e quem é que vai construir esse consenso? Eu acho que isso não vai mudar no curto prazo, porque falta esse empenho de construir o consenso, ninguém está empenhado nisso, está todo mundo empenhado em fazer valer a sua opinião, a sua vontade, o desejo do seu grupo político e ninguém está olhando para o caminho do meio”, afirma Priscila.

O psicólogo clínico e professor do curso de psicologia do Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau), Cleyson Monteiro, relata que as famílias estão sendo destituídas pela incapacidade de escutar o outro e de compreender a dinâmica daquilo que é defendido.

“A gente sabe que no mundo precisamos de retóricas e nem sempre na vida você vai encontrar situações de conciliação, é assim no casamento, entre irmãos, e entre pais e filhos. Quantos pais e filhos não entram em discussão por causa de uma série de fatores como religião, política, questões sociais, e isso faz parte da vida humana, o ser humano precisa aprender a lidar com isso. Essas rupturas, esses desrespeitos, isso sim é uma transgressão da convivência comum. A gente pode lidar com os contrapontos, somos pessoas distintas”, declara Cleyson.