Janeiro se veste da cor roxa, para alertar sobre o combate a hanseníase. A doença contagiosa é causada pelo Mycobacterium Leprae ou Bacilo de Hansen e pode atingir os nervos e causar sequelas, como a perda da sensibilidade da pele e dos movimentos. Nos casos mais graves, pode levar à amputação dos membros.
De acordo com dados da Secretaria de Saúde de Petrolina, no ano de 2021 foram registrados 179 casos de hanseníase na cidade. Em 2022, o número subiu para 273 novos casos. O enfermeiro e coordenador do Serviço de infectologia de Petrolina, João Thalisson Rodrigues explica mais sobre a doença.
- O que é hanseníase?
João Thalisson Rodrigues: É uma doença infecto contagiosa e a etiologia dela é o Mycobacterium Leprae. É uma doença que tem origem neural. Muito diferente do que as pessoas conhecem como doença somente dermatológica, mas ela tem seu início nas celular neurais periféricas, que são aquelas nos nervos das das mãos, dos pés. E a doença tem a sua evolução dermatólogica. - Quais são os principais sintomas?
João Thalisson Rodrigues: Em relação a clínica, os sintomas da hanseníase variam bastante, a cada organismo pode se apresentar de várias formas. As principais formas são as manchas. Pode surgir uma pequena mancha esbranquiçada ou pode chegar até a manchas maiores, mais delimitadas, porém vale rassaltar a importância dos sinais e sintomas neurais, ou seja, pessoas que podem estar sentindo algum tipo de dormência nas mãos, nos pés ou algum tipo de formigamento, alguma sensação de queimação ou ardência. Esses também são sinais muito importantes da hanseníase. - A hanseníase pode ser transmitida?
João Thalisson Rodrigues: É uma doença infecto contagiosa e vários fatores interferem para uma pessoa adoecer e chegar a transmitir, aí vai questões de imunidade , genéticas, questões de exposição. Para transmitit a doença, é necessário um contato íntimo e prolongado com o doente. - Como é feito o diagnóstico da Hanseníase?
João Thalisson Rodrigues: Na atenção primária, as queixas que o paciente pode estar relatando e a análise clínica que o profissional pode estar verificando é em relação a sensibilidade. Também tem que estar atento a uma entrevista do paciente, atento ao histórico desse paciente, o que ele pode me dizer a respeito da vivência dele dos sinais e sintomas que ele está relatando. - A hanseníase tem cura? como tratar?
João Thalisson Rodrigues: O tratamento é relativamente um pouco longo podem durar de seis a 12 meses. Esse tratamento é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde e a medicação é oferecida exclusivamente pelo Ministério da Saúde. A adesão ao tratamento pode ser difícil devido ao prolongamento do tratamento. - A doença já foi chamada de ‘lepra’. Existe um estigma em torno da hanseníase?
João Thalisson Rodrigues: Hoje em dia eu tenho a convicção de falar que a hanseníase está sendo melhor vista pela população, pelo fato do amplo acesso à saúde. Realmente tem esse estigma da doença pelo que ela causava anteriormente, porque não existia um tratamento, e as pessoas se agravavam e quando não tratavam geravam toda aquela situação do biótipo das pessoas. Hoje, com o tratamento, essa situação de pacientes com formas mais graves diminuiu. - Como está o cenário da hanseníase em Petrolina?
João Thalisson Rodrigues: Nos últimos dois anos, a gente teve uma pandemia que atingiu todo o mundo e Petrolina não foi diferente devido ao alto atendimento das doenças respiratórias, teve uma redução dos atendimentos de hanseníase. Em 2022 e início de 2023, nossos indicadores sob os casos novos de hanseníase em Petrolina começaram a aumentar novamente. Isso por conta da procura. Para muitos municípios pode ser mal visto, mas isso é o contrário, isso mostra que a nossa cidade está no caminho certo ao diagnóstico da hanseníase, porque isso faz com que a prevenção de incapacidades físicas seja muito importante em relação à hanseníase.
Fonte: g1 Petrolina