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‘Machosfera’: o que prega o movimento machista que cresce nas redes sociais e virou caso de polícia

Essa semana, uma atriz e uma influenciadora foram ameaçadas de morte por um homem que se apresenta como “coach da masculinidade”. Thiago Schutz usa suas redes sociais e dá até curso online sobre a filosofia dos red pills: homens que acreditam que são superiores às mulheres e que o feminismo deve ser combatido, pois ele estaria oprimindo a classe masculina. 

A atriz e roteirista Lívia La Gatto, indignada com as ideias do influencer fez uma parodia em sua rede social, sem citar nomes. No entanto, a resposta de Schutz veio de forma violenta durante a madrugada.

“Você tem 24 horas pra retirar seu conteúdo sobre mim. Depois disso, processo ou bala. Você escolhe”, escreveu.

No mesmo dia em que a Lívia foi ameaçada, Bruna Volpi, que é influencer e feminista, também recebeu o mesmo tipo de ameaça da mesma pessoa – e com a mesma frase.

“O Thiago é uma figurinha carimbada nos meus conteúdos feministas, porque tem muita gente que fala absurdos, mas, com tanta frequência, ele é um campeão”, conta ela.

As duas mulheres ameaçadas denunciaram o influencer para a polícia.

“Thiago Schutz ainda não foi ouvido. Nós já fizemos um pedido de medidas protetivas. Ter uma distância mínima de aproximação, proibição de mencionar os nomes delas em reportagens que ele participa e participações em podcasts, vídeo e em postagens em redes sociais”, afirma a delegada Nadia Aluz.

A psicóloga Valeska Zanello explica que a misoginia é um discurso de ódio e repulsa às mulheres e é tudo aquilo que a elas é relacionado.

“Os homens aprendem desde pequenininhos que ser homem é não ser uma ‘mulherzinha’. Então se constrói um discurso de que o verdadeiro homem é aquele que domina e subjuga, que trata as mulheres como objeto sexual”, diz.

O mundo que esses grupos habitam na internet tem nome: machosfera. Um movimento que começou nos Estados Unidos para combater o crescimento do feminismo no início dos anos 1980. Com a chegada da internet, eles passaram a atuar de forma anônima, em locais escondidos da web. Mas, hoje, estão disseminados nas redes sociais mais conhecidas.

Procurado pelo Fantástico, Thiago Schutz não quis gravar entrevista. Por meio dos seus advogados, enviou uma nota em que declara não ter sido notificado pela polícia e que não tem envolvimento em nenhum ato de violência.

Fonte: g1