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MPT-RS resgata 56 pessoas de trabalho escravo em plantação de arroz: “Muitos desmaiavam de fome”

Uma operação da Polícia Federal e do Ministério Público do Trabalho resgatou 56 trabalhadores em condições análogas à escravidão em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul. Entre elas, 10 menores, com idades entre 14 e 17 anos.

Os trabalhadores atuavam na plantação de arroz em duas fazendas, no corte manual de arroz vermelho e aplicação de agrotóxicos.

Conforme a PF, os trabalhadores tinham que percorrer 50 minutos em pleno sol antes mesmo de chegarem ao local de trabalho. As pessoas não tinham direito a água, e a comida e as ferramentas eram por conta dos trabalhadores. Segundo o auditor-fiscal Vitor Ferreira, “muitos desmaiavam de fome e de sede”.

De acordo com o MPT, corte do arroz era feito com instrumentos inapropriados, muitos usando apenas uma faca doméstica com serra, e a aplicação de agrotóxicos era feita com as mãos, sem qualquer proteção. Segundo os testemunhos, um dos adolescentes sofreu um acidente com um facão e ficou sem movimento de dois dedos do pé.

“Nós próprios nos assustamos com a degradação do trabalho. Não é só um trabalho braçal ao sol, é esse trabalho sem fornecimento de água, sem local para guardar alimento e fazer a refeição. A comida deles azedava e eles tinham que repartir o que não azedava entre eles. Sem local de descanso, então muitas vezes tinham que dormir embaixo do ônibus, que era onde tinha sombra”, disse Ferreira.

A operação foi deflagrada após denúncia de que jovens estavam trabalhando sem carteira assinada. Ao chegar às propriedades rurais, os fiscais constataram a situação e identificaram adultos também em condição de escravidão.

Segundo o MPT, os trabalhadores teriam sido recrutados por um agenciador de mão de obra que atuava na Fronteira Oeste, que foi preso em flagrante e será encaminhado ao sistema penitenciário. A polícia agora investiga se os donos da fazenda Santa Adelaide e São Joaquim, ou a empresa que comprou a produção de arroz, eram os verdadeiros empregadores.

Os trabalhadores, a maioria da própria região, foram encaminhados de volta para casa, e devem receber três parcelas de seguro-desemprego.

Fonte: Jornal Hora do Povo