A sessão desta terça-feira da CPI da Manipulação de Resultados colheu depoimento de Marcos Vinícius Alves Barreira, o Romário, ex-jogador do Vila Nova, que foi pivô do esquema de apostas apurado pelo Ministério Público de Goiás. O atleta afirmou que ele e sua família foram alvo de ameaças, defendeu o fim das apostas no País e disse que os apostadores que o procuraram indicaram ter atletas em quatro clubes: Cruzeiro, Atlético-MG, Santos e Avaí.
“Eu tinha acabado de chegar dos Emirados quando fui abordado”, disse Romário sobre o início das propostas para manipular resultados, antes de responder sobre seu conhecimento sobre outros participantes no esquema. “Eles não chegaram a falar nomes, só os clubes que eles jogavam. Cruzeiro, Avaí, Santos e, na época eu acho que o Atlético-MG que eles chegaram a falar. Me mandaram vídeo dos ‘caras’ fazendo (a manipulação)”.
“Ele (Bruno Lopez, líder do esquema) achou o Instagram da minha mulher e ficou ameaçando, enviando vídeo de arma, falando que um tiro era para minha filha, outro para mim e outro para minha mulher”, contou Romário, que também se disse humilhado pelo banimento aplicado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), “O jogador do Santos pegou 12 jogos, mas como eu jogava no Vila fui banido. É uma penalidade muito ‘máxima’”.
Sobre a diferença das penas aplicadas pelo STJD, o deputado Felipe Carreras (PSB-PE) disse que esse será um tema a ser tratado pela CPI. “Essa CPI também precisa investigar esse tratamento diferenciado”.
O presidente da CPI, deputado Júlio Arcoverde (PP-PI), defendeu que as apostas esportivas sejam limitadas aos placares de primeiro, segundo tempo e final da partida, impedindo que se aposte em cartões, escanteios, cobranças de lateral e afins. “Com isso, já se deve tirar muito da manipulação. Que paralelo à CPI, a gente possa preparar um projeto de lei para fazer uma regulamentação junto com o Ministério da Fazenda”, afirmou em entrevista ao ge.
Estadão