BAHIA SAÚDE

Baixa vacinação de meningite deixa Sesab em alerta para possível aumento de casos

A baixa procura pela vacinação de meningite na Bahia, em 2023, tem preocupado especialistas da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). A pasta ligou o alerta para a cobertura vacinal da doença, já que o imunizante é a principal maneira de prevenção. O alerta chega após uma paciente ser diagnosticada com meningite bacteriana, na cidade de Alagoinhas, na última terça-feira (29).

De acordo com dados do órgão, a cobertura vacinal na Bahia neste ano registrou somente 48,7% da população elegível vacinada.  Desde 2019, os resultados têm sido inferiores ao esperado pela Sesab. Entre 2019 e 2021, a imunização de meningite já havia registrado uma queda, quando passou de 73,8% a 63,7.

Para a coordenadora do Programa Estadual de Imunização, Vânia Rebouças, o número é inferior ao que era esperado pela pasta.

“De fato a população não está priorizando atualizar a caderneta de vacinação como priorizava antigamente. Temos um retrato de baixa adesão da população. Somente metade do público elegível foi efetivamente vacinado. Então o que eu tinha de dado formal no sistema oficial é somente metade, quando dos 95% temos somente quase 50%. Isso é muito baixo e tem nos preocupado”, avaliou.

Apesar do baixo número de pessoas imunizadas, a Secretaria Estadual de Saúde descartou o surto da doença. No entanto, a coordenadora alertou ainda para a possibilidade de crescimento de casos de meningites, se não houver maior adesão da população a vacinas.

“Considerando os baixos índices de coberturas vacinais, nós temos um risco aumentado de a gente ter um maior número de casos de meningites, visto que eu teria um maior número de pessoas suscetíveis ao adoecimento por agentes que poderiam ter se prevenidos efetivamente com a vacinação”, indicou.

Casos

A Bahia teve, entre 1º de janeiro e 8 de agosto deste ano, 251 casos de meningite. Desses, 106 foram de meningite bacteriana, 55 viral, 15 por outra etiologia e 75 não especificados. Do total de pacientes confirmados com a doença, 47 foram a óbito. No mesmo período de 2022 foram confirmados 253 casos de meningite e 48 óbitos.

Em relação a outros meningococos (neisseria meningitidis) – diplococos que causam meningite e meningococemia -, em 2023, de 1º de janeiro até o último dia 19, foram 16 casos confirmados na Bahia. A faixa etária de 20 a 29 anos foi a mais acometida, com cinco casos. Foram confirmados dois óbitos, com letalidade de 18,8%. Os óbitos ocorreram em pessoas de 20 a 29 anos (02) e em menor de um ano (01).

O sorogrupo B foi o mais prevalente, com oito casos isolados, seguido do sorogrupo C, com cinco casos; e três não tiveram identificação do sorogrupo. Os casos foram registrados pelos municípios de Iraquara (01), Itamari (01), Boa Vista do Tupim (01), Candeias (01), Salvador (03), Aporá (01), Euclides da Cunha (01), Tanque Novo (01), Salinas da Margarida (01), Itabuna (01), Vitória da Conquista (02) e Camaçari (01) Mata de São João (01)

Vânia alertou também que é preciso ter atenção com essas outras doenças do tipo, que não possuem vacinação direta disponível na rede pública.

“Vale lembrar que as meningites bacterianas, a grande maioria delas, eu já tenho vacina disponível na rede pública, não para todas, mas para alguns grupos. A gente chama atenção principalmente para os grupos das vacinas que protegem a contra as meningites, no caso o imunizante ACWY, por exemplo. […] Temos ainda outros grupos de meningites, a exemplo da meningite B, que não temos ainda vacina disponível na rede pública”, explicou.

“Temos desafios contra as meningites virais e alguns vírus que também podem provocar meningite. Até o vírus do sarampo pode provocar uma meningite e a vacina do sarampo pode estar prevenindo, além do sarampo, a possibilidade de ter meningite”, contou.

A meningite é transmitida quando pequenas gotas de saliva da pessoa infectada entram em contato com as mucosas do nariz ou da boca de um indivíduo saudável. Pode ser por meio de tosse, espirro ou secreções eliminadas pelo trato respiratório (nariz e boca).

Para que essa transmissão ocorra, há necessidade de contato direto, íntimo e frequente com a pessoa doente (troca de secreção).

A enfermidade, contudo, pode ser confundida com a gripe em alguns casos, porém as sequelas são graves e ela pode até levar a óbito. A doença ocorre quando há alguma inflamação desse revestimento, causado por micro-organismos, alergias a medicamentos, câncer e outros agentes.

A doença pode ter sequelas, como surdez, perda dos movimentos e danos ao sistema nervoso. As crianças estão no grupo de uma das mais atingidas. Os pacientes diagnosticados com meningite devem ter um acompanhamento por pelo menos seis meses após a doença.

Fonte: Bahia Notícias