JUAZEIRO

Antes de matar filha e sobrinha com marretadas no Rio de Janeiro, homem pediu “durante todo o dia” para ver a criança

Em depoimento à polícia, Nayla Maria de Albuquerque, de 24 anos, disse que, no dia do crime, David Souza Miranda, de 39, pediu o dia inteiro para ver a filha Luísa Fernanda da Silva Miranda, de 5 anos. O homem foi preso no sábado, suspeito de ter matado com golpes de marreta a menina e a sobrinha Ana Beatriz, de 4 anos. Além delas, ele teria atacado ainda a ex-cunhada Natasha Albuquerque, de 30, internada em estado grave no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, na Zona Oeste.

À polícia, Nayla disse que David, a quem já denunciou por agressões e tem medida protetiva, insistiu para ver a filha na sexta-feira. Eles teriam combinado de a menina ir à casa dele às 22h na companhia da tia Natasha, a única pessoa adulta da família que podia ter contato com ele, e da prima Ana Beatriz. No local, o homem teria agredido as três com golpes de marreta e, posteriormente, ateado fogo na casa.

Um vizinho de David contou à polícia que chegou a entrar na casa para socorrer as crianças. No local, ele disse que encontrou a menina mais nova com as pernas amarradas na cama, com o corpo queimado, mas ainda viva. Segundo ele, a mais velha, Luisa, não respondia mais a nenhum estímulo e já parecia estar morta. Segundo a testemunha, Natasha estava em um sofá na sala, “toda queimada e não falava nada”. Ela segue internada em estado grave.

Os laudos de exame de necropsia indicam que Luisa Fernanda e Ana Beatriz morreram em razão de traumatismo craniano.

Cerca de duas horas depois do crime, de acordo com o depoimento de Nayla, David teria ligado, dizendo que ela: “tinha causado uma desgraça na família e que sua filha tinha implorado para não morrer”. A frase faz menção às denúncias feitas por ela à polícia sobre as agressões sofridas contra ele, que era “agredida fisicamente durante todo o relacionamento”. Além disso, contou que a filha Luísa Fernanda assistia às cenas de agressão e também era vítima dele. Segundo Nayla, em uma ocasião, David teria batido em Luísa de tal forma que a menina ficou com a perna roxa. Ele dizia que era uma maneira de corrigi-la.

Nayla conta que soube do incêndio por meio da facção criminosa que domina a comunidade onde mora. Ela relatou ter ficado preocupada com a demora da irmã e das meninas à sua casa e que, por isso, pediu aos traficantes que fossem até à casa de David. No local, testemunhas disseram que duas crianças e uma mulher haviam sido levadas, em estado grave, a hospitais. No Albert Schweitzer, soube que a filha havia chegado sem vida.