Agricultura

Repórter chama o secretário Tum de incompetente e alerta sobre possível operação policial em Casa Nova

O jornalista Uziel Bueno, que apresenta o programa Brasil Urgente, na TV Band, mostrou toda a sua indignação com a falta de competência e trato com a coisa pública do secretário estadual de agricultura (Seagri), o ex-deputado estadual Tum, irmão do atual prefeito de Casa Nova, Wilker do Posto.

O motivo da indignação, foi o cancelamento da 33ª edição da Feira Nacional da Agropecuária (Fenagro) que gerou uma onda de perplexidade e decepção entre representantes de entidades do agronegócio baiano, produtores e parlamentares da bancada ruralista, que reagiram duramente ao anúncio feito pela Secretaria na manhã da terça-feira (24). Em comum, todas as manifestações traduziam o sentimento de revolta com a decisão de sepultar uma das exposições mais importantes para pecuaristas e criadores de cavalos de raça do Norte e Nordeste a 30 dias para o início do evento.

“Governador Jerônimo Rodrigues, eu sei que o senhor não deve estar sabendo disso, principalmente o senhor que é trabalhador, trabalha de dia e de noite, estar em Brasília, buscando recursos para o nosso estado, e FENAGRO, que iria gerar receita, emprego e renda, negócios futuros, dar um alivio para o setor que já vem penalizado há muito tempo. Isso é um soco na boca do estômago da Bahia e dos baianos”.

Segundo o jornalista, o secretário Tum argumentou para cancelar, a falta de hábil tempo para organizar a feira. “Secretário o agro não precisa do senhor. O que está se fazendo com a essa categoria que empurra o país, é inaceitável. Talvez o segundo esteja mais preocupado, polícia federal na porta do seu irmão lá em Casa Nova, deve ser isso, né!

Criadores contabilizam perdas com preparativos para feira

Para os produtores, sobrou a conta. Em entrevista ao CORREIO na noite de terça, o presidente da Associação de Criadores de Cavalo Campolina da Bahia (ACCCBA), Nilton dos Anjos, disse que o cancelamento da Fenagro deixou prejuízos para seus filiados na ordem de R$ 1,1 milhão. De acordo com ele, a associação estimava trazer 150 animais, e os produtores deixaram de movimentar R$ 600 mil em negócios, apostando nos lucros maiores gerados pelos concorridos leilões da feira. Somados aos gastos para preparar os animais para o evento, estimados em aproximadamente R$ 540 mil, a conta ultrapassou a casa do milhão, disse.

É o caso do médico veterinário Antonio Motta Oliveira Júnior, criador gado e cavalos de raça em Ipiaú, cidade situada no Vale do Rio de Contas. “Para mim, o prejuízo foi até menor. Contratei um cuidador para preparar os animais que levaria para a exposição, comprei alimentação especial para eles e deixei de fazer negócios, certo de que a Fenagro seria realizada. Graças a Deus, soube que o evento não iria mais acontecer e pude cancelar a tempo uma encomenda de 50 sacos de ração premium que tinha feito dias antes. Mas muitos outros não tiveram a mesma sorte”, salientou.

Escalado pela organização do evento para mobilizar produtores de outros estados, como Minas Gerais e São Paulo, Antonio Júnior conseguiu atrair dezenas de pecuaristas e criadores de cavalo. No entanto, teve que correr para avisá-los de que não haveria mais Fenagro. “O problema é que vários deles tinham investido dinheiro para trazer os animais, inclusive, gastos pessoais com passagens aéreas e reserva em hotéis, entre outras despesas que envolvem preparativos para exposições do tipo. Essas perdas não serão recuperadas”, lamentou.

A reação contra o cancelamento também foi encampada por parlamentares ligados ao agronegócio. “É atestado de incompetência cancelar um evento com expectativa de gerar R$ 150 milhões em negócios e atrair público estimado em 100 mil pessoas”, disparou o líder da bancada de oposição na Assembleia Legislativa, Alan Sanches (União Brasil). “O trabalho do homem do campo representa mais de 25% da economia do estado, e mesmo assim o setor é tratado dessa forma pelo governo”, criticou o deputado estadual Sandro Régis (União Brasil).

Até mesmo políticos da base aliada, como o presidente da Assembleia, Adolfo Menezes (PSD), criticaram duramente a decisão e a justificativa apresentada pela Seagri, classificada por ele como “desculpa esfarrapada. A pasta, em nota, garantiu que concentrará esforços para realizar um evento à altura do que a Fenagro merece em 2024. Difícil, agora, vai ser acham quem acredite na promessa.

Deputado do PP e ex-secretário de Agricultura busca apoio para manter evento

Ex-secretário de Agricultura no segundo governo Jaques Wagner (2011-2014) e parlamentar de proa na bancada do agro, o deputado estadual Eduardo Salles (PP) disse ter sido surpreendido pelo anúncio do cancelamento. “O sentimento em todo o setor é de tristeza. São quatro anos sem um evento fundamental para o desenvolvimento do estado, e não só para os grandes produtores, mas para os médios e pequenos também”, disse. Contudo, Salles ainda trabalha para reverter a decisão e garantir que a Fenagro ocorra este ano.

“Fiz uma sugestão ontem (terça-feira) no plenário, procurei o líder do governo, Rosemberg Pinto (PT), e propus que nós, deputados, fizéssemos um rateio de emendas impositivas nossas para efetivar a realização do evento, e acho que boa parte dos 63 parlamentares não teria problema em destinar uma fatia para isso. Tenho esperança de reverter (o cancelamento da Fenagro), mas não houve qualquer resposta concreta”, afirmou.

Segundo Salles, a feira representa um dos raros momentos em que o “homem da cidade encontra o homem do campo” e pode ter contato com o universo da zona rural. “Não se trata só de festa ou de negócios. É um espaço de troca de experiências, de treinamento e capacitação, de conhecer a fundo um setor fundamental para a Bahia. Quando fui secretário, era difícil conseguir recursos, mas sempre me esforcei para garantir que a Fenagro ocorresse todos os anos. Não aceito a desculpa de que faltou tempo hábil. Dois anos foram mais que suficientes para planejar”, concluiu.

Fonte de informações: Correio da Bahia