JUAZEIRO

Opinião: Adeus Petrolina, adeus Juazeiro!

Mas o que será de Petrolina e de Juazeiro sem o rio São Francisco?
Petrolina sentirá muito mais do que Juazeiro com a morte do velho Chico. Até porque é também a que mais contribui para a destruição do mesmo, com a sua ganância em crescer.
Petrolina tem grandes volumes de investimentos, é aonde se concentra os grandes empreendimentos imobiliários, as principais indústrias estão em Petrolina, o maior polo médico, os melhores cursos da UNIVASF, o maior centro gastronômico e de outros comércios. É também aonde mora os mais ricos (também onde se escode bem a pobreza). Petrolina é destaque no cenário internacional como o melhor lugar para se investir e morar. Resultado: quem chega na região procura Petrolina para morar. Consequência: grande percentual da população de Petrolina é composto de pessoas que não nasceram na cidade.
Quando o rio perder sua capacidade de fornecer vida para o agronegócio, Petrolina voltará ser a “Passagem para Juazeiro”, devido ao seu grande percentual de habitantes não-nativos. Muitos sacudirão o pó dos pés e deixarão Petrolina para trás, com eles irão também os grandes investimentos. Devido à grande exploração das monoculturas suas terras permanecerão improdutivas, os grandes projetos torna-se-ão campos sem vida.
Os imponentes prédios residenciais na orla serão refúgios para os usuários de drogas, o que aumentará consideravelmente a violência e os roubos. Os grandes condomínios residenciais serão habitados pelos moradores dos bairros periféricos, que voltarão a residir nas margens do filete que sobrará do rio.
Ao contrário de Petrolina, Juazeiro voltará ser a principal cidade do Vale, o principal entreposto comercial. Voltará a ser chamada de “Joazeiro”. Sem grandes volumes de investimentos, com densidade populacional proporcional, com grande parte da população de nativos, sem grandes investimentos imobiliários; com parque industrial pequeno, Juazeiro, voltará a ser a cidade provinciana de um século atrás.
O comércio não terá mais como referência o rio, se dará nos arredores da cidade (provavelmente aonde é o mercado do produtor), tendo o escambo como referência das atividades econômicas de subsistência. Sem Agrovale, mas com imensidão de terra sem vida, Juazeiro terá como atividade econômica a agricultura familiar de subsistência nas terras onde Agrovale não chegou.
Teremos aumento nos índices de violência, roubos e assaltos; famílias se reversarão no poder político e econômico, haverá aumento e retorno de doenças já erradicadas, como é o caso da doença de chagas. No casos da benditas muriçocas poderá haver uma redução, mas que não será grande para o povo não esquecê-las.
Assim, Petrolina que já foi chamada de “a Califórnia brasileira” (cidade americana símbolo de sucesso) se transformará numa Detroid (cidade americana símbolo de fracasso), e Juazeiro, que nunca se esforçou para ser grande, perderá de vez o sonho de se tornar igual a Petrolina. E o rio seguirá com o seu filete exíguo para atormentar a memória dos que sobreviverão para ver o fim do velho Chico.