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Obra de usina de dessalinização em Fortaleza pode “parar a internet”, diz executivo da Claro

Operadoras de telecomunicações e uma empresa hídrica travam uma enorme discussão sobre a potencial construção de uma usina de dessalinização na Praia do Futuro, em Fortaleza, Ceará. A obra, que pertence à Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cegace), pode danificar um hub de cabos submarinos responsáveis pelo fornecimento de Internet ao Brasil.

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, buscam uma solução para esse problema referente ao local em que a usina será concluída. Recentemente, o presidente institucional da Claro, Fábio Andrade, afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo que “a internet vai parar” se o projeto der andamento.

Andrade defende que os dutos de água fiquem a pelo menos 500 metros dos cabos submarinos, pois a forte vibração da água pode danificar estruturas internas e componentes que conectam os brasileiros à rede global. O projeto inicial desenvolvido pela empresa responsável pela empreitada prevê uma distância de apenas 5 metros, ou seja, 100x mais perto.

Em uma visita a Fortaleza, o ministro das Comunicações comentou sobre o caso dizendo que “Vamos acompanhar de perto, para que a gente possa, através justamente do diálogo com todos os atores envolvidos, construir uma solução segura, preservando natural e totalmente esse hub internacional”.

Ele ainda reforça que é ali a chegada dos cabos que representa cerca de 99% do tráfego de dados do país. A Praia do Futuro concentra 17 cabos submarinos de internet que podem ser afetados com a construção da usina. O executivo da Claro pontua que esse número pode dobrar nos próximos anos devido à crescente demanda por internet no país.

Anatel discute relevância de cabos submarinos em evento sobre usina em Fortaleza

A Anatel promoveu na quarta-feira (27) um evento em Fortaleza, no Ceará, para debater a importância dos cabos submarinos, partindo da análise o impacto da construção de uma usina de dessalinização na Praia do Futuro.

A mesa foi feita em parceria com Telcomp, com nomes como o conselheiro Vicente Aquino, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, parlamentares e representantes de empresas de telecomunicações.

No painel, Aquino apontou que o Decreto nº 9.573/2018 promulgou a Política Nacional de Segurança de Infraestruturas Críticas, abrangendo instalações e serviços cuja interrupção ou dano resultam em sérios impactos em diferentes esferas, e que a diretriz define a segurança das infraestruturas críticas como um conjunto de medidas preventivas e reativas destinadas a preservar ou restabelecer a prestação dos serviços relacionados a elas.

O conselheiro ressaltou a importância estratégica das infraestruturas de telecomunicações, ajudando a garantir a segurança nacional e o estímulo ao desenvolvimento econômico sustentável.

Já o ministro Juscelino Filho afirmou que os cabos ópticos submarinos são responsáveis por 99% do tráfego de dados internacional e pela conectividade global. Ele realçou que o Ceará, especialmente Fortaleza, é crucial na interconexão do Brasil com o mundo, já que abriga 17 sistemas ópticos com uma capacidade agregada significativa.

Já Neuri Freitas, diretor-presidente da Companhia de Água e Esgoto do Ceará, assegurou que a distância entre os cabos e outras infraestruturas foi aumentada para 500 metros, minimizando riscos de conflito. Para ele, a usina de dessalinização pode ser a solução para a escassez hídrica e a necessidade de convivência pacífica no local.

Silvano Porto, gerente de pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica da Cagece, também defendeu a coexistência da usina de dessalinização com os data centers, citando exemplos de outros países onde essa convivência é comum.

Fonte: TudoCelular