BAHIA

A rejeição de Jerônimo além de Salvador, a fake de Rui Costa e o vice do vice

Não é só a rejeição em Salvador que preocupa o governador Jerônimo Rodrigues (PT). A popularidade do petista também está ladeira abaixo em cidades do interior. O sinal de alerta veio em um levantamento solicitado por uma prefeita aliada para medir a avaliação dela, e por tabela a de Jerônimo. O material apontou excelentes indicadores para a gestora, mas acusou uma pontuação muito inferior para o petista. Segundo interlocutores, o governador teve acesso aos números e deu sinais de que não gostaria que eles viessem a público. Resultado: a gestora pagou pela pesquisa, mas teve de engavetar a sondagem para poupar Jerônimo do constrangimento.

Reprovado

O resultado da pesquisa AtlasIntel sobre a aprovação de Jerônimo em Salvador fez o governo dar marcha ré na manobra artificial que estava em curso para blindá-lo da realidade. Diferente dos elogios internos, o governador ouviu da pesquisa uma sonora desaprovação de 53% dos soteropolitanos, diante de apenas 34% de aprovação. O percentual que alenta Jerônimo na capital representa a metade do que sua comunicação anunciou em junho de 2023, quando apontou – sem citar a fonte da pesquisa – que o petista havia alcançado 70% de avaliação positiva.

Corre

Ainda sobre a pesquisa da Atlas, chamou a atenção também a queda de sete pontos na aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Salvador. Já tem gente especulando na base governista que a rejeição de Jerônimo pode estar respingando no líder máximo do PT. Em tom de deboche, um desavisado não perdeu a piada: “Corra de Jerônimo!”.

Tiro pela culatra

O ex-governador Rui Costa (PT) voltou a ativar o modo fake para atacar a prefeitura de Salvador, mas foi desmascarado à luz do dia no episódio da construção de creches e escolas através do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Muitos avaliam que Rui tentou criar uma cortina de fumaça para tirar o foco da cobertura da imprensa sobre a portaria do governo Jerônimo que trata da aprovação em massa de estudantes. Contudo, o tiro saiu pela culatra porque documentos publicados pelo CORREIO mostraram que, na verdade, o ministério de Rui, que cuida do PAC, negou seis propostas da prefeitura para a construção de escolas e creches. Para completar, o prefeito Bruno Reis (União Brasil) respondeu à provocação do petista com um tiro certeiro: “em Salvador, a gente não precisa aprovar aluno por decreto”. Rui podia voltar para Brasília sem essa.

O vice do vice

O vice-governador Geraldo Júnior (MDB) tem tido dificuldade para encontrar nomes para compor a vice em sua chapa. A opção dos sonhos, a secretária estadual de Assistência e Desenvolvimento Social, Fabya Reis (PT), já avisou que não tem interesse. O vereador Sílvio Humberto (PSB) também já disse, em conversas reservadas, que não é seu desejo. Já deputada estadual Olívia Santana (PCdoB), outra que Geraldo tanto quer na chapa, não apenas rejeitou como aproveitou para alfinetar: “É uma lástima você viver em um estado como a Bahia, (com) 82% de pessoas negras em Salvador, a capital nacional da negritude baiana, e a gente não consegue, mesmo tendo voto, mesmo tendo capacidade e competência, ser escolhida ou escolhido para ser cabeça de chapa”.

Debandada

Por falar em Geraldo, sua candidatura tem dado sinais de esvaziamento. Além de continuar enfrentando resistência na esquerda, como evidencia a fala de Olívia, e a falta de engajamento dos aliados, ele tem visto lideranças e pré-candidatos a vereador seguirem para o grupo do prefeito Bruno Reis. Sem contar no Solidariedade, que ameaça lançar candidatura própria e em vereadores petistas que não cansam de reclamar da falta de coordenação.

Um membro do governo estadual que acompanhou o ato em que o governador Jerônimo entregou o projeto de lei do programa “Bahia pela Paz” na Assembleia Legislativa, na última quarta-feira, não escondeu o desânimo com a proposta. “Deveria se chamar programa empurrando com a barriga”, cochichou, ao avaliar que a medida não ataca a crise de segurança pública que já está instalada no Estado, embora traga iniciativas para tentar fomentar a cultura de paz.