O governo Jerônimo Rodrigues (PT) virou alvo de críticas após o Jornal Nacional exibir uma reportagem sobre os atrasos nas obras do VLT (Veículo Leve de Transporte), que deveria substituir os trens do Subúrbio de Salvador.
A reportagem do jornal da TV Globo ressalta que milhares de passageiros da região estão há três anos sem transporte barato desde que os trens, que transportavam cerca de 7 mil pessoas por dia e que custava R$ 0,50, foram desativados. Quando o trem parou de operar, o governo do estado disponibilizou cinco ônibus gratuitos para atender aos moradores do Subúrbio, mas são insuficientes. Quem dependia do trem do Subúrbio agora paga R$ 5,20 pela passagem de ônibus.
Nesta segunda-feira (1º), o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), cobrou que a obra do VLT saia do papel. “Já são três anos que a população do Subúrbio deixou de contar com os trens. Então, o meu desejo é que ela (a obra) possa começar o quanto antes. Assim que o projeto chegar à prefeitura terá por parte da nossa gestão o compromisso, de forma célebre, caráter de urgência urgentíssima, realizar a aprovação, porque eu sei as dificuldades que as pessoas enfrentam hoje no transporte público em todas as grandes cidades do Brasil, e aqui em Salvador não é diferente. A gente espera que o VLT possa efetivamente sair do papel.”, afirmou.
O vereador de Salvador, Cláudio Tinoco (União Brasil), disse que por causa da “gestão desastrosa” do governo Jerônimo a população do Subúrbio tem sofrido. “Não está na matéria, mas preciso ressaltar que o valor do VLT foi orçado em R$ 1,5 bilhão, mas ele foi contratado por R$ 2,8 bilhões e depois foi aditado para R$ 5,2 bilhões – sendo este último o valor contratado com o consórcio chinês até a rescisão do contrato. Todas as informações foram enviadas pelo governo para nós através da Lei de Acesso à Informação na época que fizemos audiências públicas pedindo a rescisão do contrato. Já são mais de R$ 57 milhões jogados fora e nada para a população. É hora de transparência e ação”, declarou.
O Jornal Nacional também ressaltou que houve um “desperdício” de dinheiro público devido ao atraso das obras. Segundo a reportagem, o governo firmou contrato com o consórcio Skyrail Bahia composto pelas empresas chinesas BYD e Metrogreen para a implementação do VLT, mas o projeto orçado em R$ 1,5 bilhão não foi concluído.
O governo negou que houve desperdício de recursos públicos. “(O Jornal Nacional) errou ao dizer que houve desperdício de dinheiro público. Todo o valor investido até aqui foi empregado em anteprojetos e canteiro, que serão reaproveitados no novo projeto proposto pelo estado”, afirmou.
A gestão estadual fez uma nova licitação para contratar uma nova empresa para construir o VLT, mas, na semana passada, o juiz da 6ª Vara da Fazenda Pública, Ruy Eduardo Almeida Britto, suspendeu o processo licitatório por supostamente conter “graves ilegalidades”. O Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) derrubou esta decisão e manteve a licitação, a pedido do governo petista.
Para o deputado estadual Diego Castro (PL), a situação “envergonha” a Bahia. “Tiraram do trabalhador um transporte que custava R$ 0,50 e transportava milhares de passageiros diariamente. Prometerem o VLT, que até hoje não saiu do papel, e, vergonhosamente, virou até notícia nacional”, salientou.