BRASIL POLÍTICA

Lula se diz 100% curado, critica mercado e Trump, defende Gleisi e Janja e diz que PT precisa mudar

O presidente Lula (PT) afirmou neste sábado (22) que está “100% curado da cabeça” e, em festa de aniversário do seu partido, saiu em defesa da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e da primeira-dama, Janja.

O petista fez críticas ao mercado, ao presidente dos EUA, Donald Trump, às big techs e aos seus próprios ministros às vésperas de uma reforma ministerial. Mas disse que o PT também “precisa mudar”.

“Precisamos voltar a discutir política dentro da fábrica, nos locais de trabalho da cidade e do campo. É preciso voltar a dialogar com a periferia, percorrer o Brasil, dialogar com as igrejas, ocupar de novo as ruas. Se a gente só aparece de quatro em quatro anos para pedir voto, seremos iguais a todos os partidos políticos desse país”, afirmou Lula.

As declarações foram dadas em discurso no segundo dia do evento de 45 anos do PT, realizado em um armazém do Pier Mauá, na zona portuária do Rio. O mandatário foi acompanhado na cerimônia por ministros e por Janja, além de outras lideranças do partido e sindicalistas.

Após relembrar o acidente doméstico no qual caiu no banheiro e bateu a cabeça, o petista disse que fez novos exames nesta semana que permitiram concluir: “Graças a Deus, o Lulinha tá 100% curado da cabeça”.

No começo de seu discurso, Lula acenou a Gleisi, que deve assumir uma pasta do governo na reforma ministerial. Ele disse ainda que Janja é alvo de ataques que visam atingi-lo, mas defendeu que ela continue manifestando suas posições políticas. “Na minha casa é proibido proibir”.

Sobre Gleisi, Lula lembrou que foi um entusiasta de sua candidatura pela liderança do partido e agradeceu a aliada por “aguentar a barra de defender o PT”.

“Na frente de vocês, eu quero dizer para a companheira Gleisi, graças a Deus, o partido compreendeu a necessidade de te eleger”, disse.

Lula elogiou o ministro do STF Alexandre de Moraes e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, em uma semana em que foi apresentada a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro na trama golpista.

Segundo o presidente, não adianta “perseguir o Alexandre de Moraes”, e, em vez disso, os apoiadores devem parabenizá-lo.

Lula fez críticas ao mercado financeiro. De acordo com o petista, a oposição e o mercado passaram parte do ano passado alardeando um “inexistente” rombo nas contas públicas.

“O déficit fiscal foi de apenas 0,09% do PIB, graças ao nosso compromisso, graças ao trabalho do companheiro Haddad, graças às contas públicas”, afirmou.

O presidente também criticou Trump, dizendo que ele não foi eleito para o ser o “xerife do mundo”, mas para governar os Estados Unidos.

Em mais de um momento, o público entoou músicas de apoio a Lula e contra Bolsonaro.

A cerimônia teve discursos em defesa de uma nova candidatura de Lula em 2026, além de gritos de “sem anistia” para os envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.

Durante o evento, Gleisi Hoffmann voltou a afirmar que a denúncia contra Bolsonaro sob acusação de tramar um golpe é “um presente para a democracia”.

Gleisi ainda citou a alta no preço dos alimentos como a maior preocupação enfrentada pelo governo Lula neste momento.

“A comida está cara, sim. Resultado da especulação com o dólar, do aumento das exportações e das crises do clima. Mas nós vamos vencer essa etapa. Sei que hoje é a sua maior preocupação, presidente [Lula], assim como temos de conter os abusos com os combustíveis, especialmente com o gás de cozinha”, afirmou Gleisi.

 

Leonardo Vieceli e Victória Cócolo/Folhapress

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