A rotina noturna da cozinheira Maria Lúcia Pires, de 34 anos, foi estilhaçada por um evento que beira o inacreditável e o terror psicológico: o sumiço de seu bebê de apenas sete meses, levado, segundo ela, por um enxame voraz e colossal de muriçocas. A história, ocorrida na última terça-feira (30/09) no bairro Alto do Cruzeiro, tem mobilizado a polícia e dividido a opinião pública entre a incredulidade e a mais profunda solidariedade.
A tragédia começou por volta das 18h, uma hora conhecida pela atividade intensa dos mosquitos na região, famosa por suas áreas de alagamento e esgoto a céu aberto. “Eu tinha acabado de dar o mama e o deitei no bercinho,” relata Maria Lúcia, com a voz embargada e os olhos marejados, em entrevista exclusiva à nossa reportagem. “O calor estava insuportável e tive que abrir um pouco a janela. Foi um erro fatal.”
Enquanto a polícia continua as buscas na esperança de um desfecho positivo, a história de Maria Lúcia se espalha como mais uma lenda urbana, transformando o humilde mosquito, em um monstro capaz de roubar mais do que apenas o sono: roubar a vida e a paz de uma família.
Embora a história acima seja ficção, mas no bairro Monte Serrat, Monte Castelo e adjacências, moradores convivem com um toque de recolher bem peculiar. No final da tarde, as pessoas são obrigadas a fechar portas e janelas para evitar a entrada de muriçocas. Depois das 16h30, só voltamos a sair ou a abrir portas e janelas a partir das 20h, quando elas estão acomodadas, explica a moradora Ana Maria Barbosa, 43 anos.
De acordo com um morador do Bairro Monte Serrat, a comunidade, localizada próxima ao Monte Castelo, já está sentindo os incômodos da infestação de muriçocas há alguns meses. E para acabar com os desconfortos causados pelas muriçocas, os moradores pedem o retorno do carro fumacê, mas conforme alguns especialistas, o fumacê é uma ação dedicada apenas para contenção do mosquito da dengue.
“Faz dias que a gente está nesse ataque dessas muriçocas, quando chega o final da tarde a gente não consegue ficar em paz”, relata um morador. “Já está com mais de duas semanas que eu não durmo direito, já tentei de tudo: queimar cocô de jumento, “pau da muriçoca”, inseticida; mosquiteiro, nada impede ação das muriçocas. Parece que elas voltaram azeda”, desabafa uma dona de casa.