Curaçá tem 5.950,614 km² em área territorial, conforme dados do IBGE (2020) com forte aptidão para a caprinovinocultura. Possui mais 125 quilômetros de margem do Rio São Francisco, com forte potencial para a agricultura, além do Perímetro Irrigado de Pedra Branca (PIPB) com 1.197 hectares irrigados (SIDE Projetos Irrigados da Bahia). Acompanhamos as publicações da Prefeitura Municipal nos últimos anos e não encontramos nenhum programa para desenvolvimento específico desse setor.
Em todas as três realidades, há problemas com recursos hídricos. Na Caatinga, área de sequeiro, conforme Censo Agropecuário 2010, Curaçá tinha um rebanho caprino de 243.430 cabeças e ovino de 178.625 unidades. Produtores reclamam falta de incentivo do Governo Municipal em mananciais eficientes como grandes barragens e poços tubulares. “Eu gastava cerca de 200 reais só de água de pipa e labutando com uma cacimba pra ajudar. Uma dificuldade, como tem muitos por aí, sem apoio. Agora tenho um poço, instalado. Mudou tudo; já estou me movimentando para comprar um reservatório e plantar forragem. Vou aumentar meu rebanho”, disse Marilene dos Santos, Sítio Belo Jardim, Sede Rural. Na beira do Rio já existe uma boa produção agrícola. Mas, devido limitações elétricas, alguns produtores não podem ligar motores mais potentes para jogar água em áreas mais distantes. O resultado é que a produção é quase a mesma há anos, nas culturas de manga, cebola e melancia (IBGE Cidades 2020/pesquisas). Outro problema é a falta de adutoras comunitárias com sistema de transformadores e motorbombas potentes. “Falta um técnico e agrônomo para dar uma assistência. Nossa dificuldade também é a falta duma energia forte para bombear água”, revelou Durval Dias, Agricultor de Riacho Seco. Willian Souza, Agricultor da mesma localidade, reclamou a falta de uma Balança para pesar mercadorias. “É tudo por nossa conta e a renda do que produzimos vai para outros municípios onde tem balanção”.
Já no PI Pedra Branca, a dificuldade administrativa intermediária. O Perímetro tem um sistema relativamente bom de irrigação, com lotes bem distribuídos e produzindo. Mas depende de verbas federais, pois quem administra é a CODEVASF (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco). Às vezes, conforme Lindomar Leite, Ex-Presidente da Cooperativa de Produtores, o repasse não acontece e prejudica todos os serviços, inclusive a irrigação. “Entre 2017 e 2018 teve momentos em que ficamos sem água e teve pessoas que chegaram a ter prejuízos de 100% nos seus lotes. Hoje temos água, mas de forma reduzida (de 16 horas para 7) e ainda há a insegurança do fim do contrato que garante o repasse de recursos. A gente pode voltar à situação de 2017”, explicou Lindomar. Enfim, são muitos desafios para Curaçá nos próximos anos, todos passarão pela ação política e a agropecuária certamente será um tema bem presente.