Se alguém ainda não sabia, que não paire nenhuma dúvida: não existe mais privacidade nesse mundo tecnológico em que nos enfiamos. Estamos cercados. O único lugar em que senhas, opiniões comprometedoras e nudes estão seguros, livre de invasores, estelionatários e chantagistas é nas nossas mentes.
Todo conforto – ou futilidade – da vida moderna cobra esse preço: dispor dados pessoais e guardar informações críticas de nossas vidas em nuvens e arquivos que até mesmo um hacker com aparelho nos dentes e espinhas no rosto consegue acessar.
O inexplicável, na verdade, é o fato de aparentemente ninguém se incomodar com essa devassidão, esse despudor com podemos ser vigiados, observados, espionados, lesados e expostos. A razão dessa disponibilidade toda, desse strip tease da alma e do saldo bancário não é racional e deveria causar estranheza.
Mas não. O indivíduo de bem, o pai de família, a mãe prestimosa, acham que estão moralmente imunes ou que não têm algo a esconder. É uma arrogância ou ingenuidade perigosas. Todos perdem nessa história.
É a mesma lógica da inocência presumida até prova em contrário. Abrir mão desse direito consagrado pela civilização pode até eventualmente favorecer algum culpado, mas foi criado para defender quem nada deve.
O direito à privacidade é ainda mais valioso, por se equiparar ao direito à liberdade individual.
Quer bater no peito e fanfarronar que não tem medo de hackers? Tolinho. Por enquanto, são eles que não têm medo de nós.
Fonte: R7