BAHIA

Insatisfação entre correntes do PT contra Éden antecipa discussão sobre sucessão interna na sigla

Nem a apertada vitória em Camaçari do candidato petista Luiz Caetano, num segundo turno que aconteceu de forma tão eletrizante quanto o primeiro, arrefeceu a onda contrária à permanência no comando do PT baiano de Éden Valadares para mais um mandato.

Éden se elegeu pela primeira vez presidente do partido no Estado em 2019, numa operação em que atendeu ao plano do senador Jaques Wagner de assumir o controle partidário afim de garantir a influência de seu grupo sobre a formação da chapa majoritária estadual seguinte contra o então governador Rui Costa.

Foi, então, apresentado como um dos quadros pelos quais Wagner faria o processo de renovação do petismo no Estado, um tema caro ao senador, ao qual ele volta com frequência nas mensagens que procura fazer em eventos onde está presente a militância petista.

Passados quase seis anos à frente da sigla, com uma reeleição pelo meio, no entanto, Éden não conseguiu promover a oxigenação pretendida por Wagner. Pelo contrário, é acusado de ter permitido um forte nível de concentração na estrutura partidária, em conexão com o governo do Estado.

Assim, teria ajudado a bloquear a emergência de novas lideranças na legenda. Além disso, sua postura apontada como “submissa” aos desejos de Wagner estaria na base de várias derrotas sofridas pelo partido no interior nestas eleições municipais.

O ponto mais relevante à sua atuação recente, no entanto, foi o apoio acrítico à candidatura do vice-governador Geraldo Jr. (MDB) à sucessão municipal de Salvador, exatamente devido ao alinhamento automático ao senador, responsável pela escolha do candidato.

Por causa da decisão de Wagner em favor de Geraldo Jr., num processo que atropelou as demais pré-candidaturas da base do governo, inclusive aquela apresentada pelo PT, o partido sofreu uma devastação em sua representatividade na Câmara Municipal.

Para o Legislativo municipal, só elegeu a vereadora Marta Rodrigues, irmã do governador Jerônimo Rodrigues, reduzindo o número de cadeiras da bancada na próxima legislatura na Câmara de quatro para uma.

“O balanço da gestão de quase seis anos de Éden no comando do PT é muito ruim. Deixá-lo intacto no poder, sem rever seus posicionamentos, é consentir com um processo de enfraquecimento da legenda num momento decisivo para o seu futuro na Bahia”, diz um importante quadro partidário a este Política Livre.

Ele informa que, por este motivo, as diversas tendências internas do partido passaram a antecipar a discussão sobre o PED (Processo de Eleição Direta), mecanismo pelo qual o partido renova suas instâncias de comando, previsto para meados do ano que vem.

Hoje, a “onda” contra Éden produz pelo menos uma expectativa, baseada na ideia de que Wagner dificilmente concordará com a possibilidade de perder o controle da legenda.

Caso isso ocorra, o senador diminuiria sua influência sobre a formação da próxima chapa ao governo, na qual pretende concorrer para renovar o mandato ao Senado, um projeto que hoje se encontra numa linha de divergência com os planos do ministro Rui Costa.

Se a pressão for grande, o senador pode apresentar um nome alternativo, mais palatável ao conjunto das correntes petistas que hoje fazem carga contra a segunda reeleição do presidente petista.

Política Livre

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