Excelentíssimo Senhor Jerônimo Rodrigues, Governador do Estado da Bahia,
Dirijo-me a Vossa Excelência não apenas como cidadã, mas como alguém que luta diariamente pela justiça social e pelo direito básico à educação. A Bahia, com toda sua riqueza cultural e histórica, ainda carrega um fardo inaceitável: o alto índice de analfabetismo, que atinge de forma ainda mais cruel os povos originários.
A Bahia pontua em 1⁰ lugar no ranking como o estado com maior índice de analfabetismo! É muito doloroso ver a desconstrução do trabalhar do então governador Jaques Wagner que lutou contra o analfabetismo com o programa TOPA e a EJA.
Os povos indígenas, guardiões desta terra muito antes da chegada dos colonizadores, seguem sendo deixados à margem das políticas públicas. A falta de acesso à educação de qualidade perpetua ciclos de exclusão, dificultando o pleno exercício da cidadania e o fortalecimento das culturas indígenas, que têm no conhecimento oral e escrito um pilar fundamental para a preservação de sua identidade.
É urgente e necessário que o Governo do Estado adote medidas concretas para reduzir o analfabetismo, começando pelos povos originários. Isso significa:
📌 Educação bilíngue e intercultural, respeitando as línguas maternas indígenas e seus saberes tradicionais.
📌 Formação de professores indígenas, garantindo que a escola seja um espaço de pertencimento e valorização cultural.
📌 Infraestrutura adequada nas aldeias, com escolas equipadas e acesso à tecnologia.
📌 Material didático específico, que contemple a história e os conhecimentos dos povos originários.
A Bahia, terra de resistência e de luta, tem a chance de escrever uma nova história, onde “nenhuma criança indígena cresça sem acesso à leitura e à escrita”, onde os mais velhos possam aprender sem vergonha e onde a educação seja um instrumento de libertação, e não mais uma barreira.
Governador Jerônimo, o senhor é indígena e, com a sua trajetória como educador, conhecedor das realidades do povo baiano lhe confere a responsabilidade de enfrentar essa questão com compromisso e urgência. Que seu governo fique marcado não pela continuidade desse cenário de exclusão, mas por uma revolução educacional que faça justiça aos primeiros habitantes dessa terra.
“A educação transforma. O conhecimento liberta”. Que os povos originários da Bahia tenham garantido o direito de ler e escrever sua própria história!
Respeitosamente,
Célia Regina Carvalho
Indigena de DNA
Indigenista por convicção
Fundadora e Coordenadora da
“Bancada Se essa rua fosse minha”