BAHIA

‘Tudo depende do meu trabalho’, diz comerciante que teve lanchonete soterrada após desabamento no Uruguai

“Quando deu seis horas, ouvi aquele estalo bem alto, parecendo que era bomba”, diz a vendedora Carla Piedade, 49 anos. A mulher é dona da lanchonete que ficava no térreo do imóvel de três andares que desabou na Rua 2 de Outubro, no bairro do Uruguai, em Salvador, por volta das 11 horas da noite desta segunda-feira (16).

Depois de ouvir o som de partes do prédio caindo na marcenaria ao lado, ela alertou Sizinho dos Santos, 55, morador do andar de cima, de que o prédio poderia desabar. “Ele ficou nervoso e começou a andar de lá pra cá dizendo que precisava subir pra pegar algumas coisas. Eu falei ‘desça daí que eu estou ouvindo estalar’ e desceu”, relembra Carla.

Mesmo em alerta com a chance de desmoronamento do imóvel, Carla decidiu ir à igreja. Quando estava prestes a voltar para casa, que fica na mesma rua, recebeu a ligação da filha, grávida de 9 meses, que falava com a voz trêmula. De início, Carla pensou que a filha estaria entrando em trabalho de parto, mas logo soube que seu único sustento havia sido destruído.

“Tudo depende de mim e dessa mão aqui”, conta, apontando para a própria palma. Mãe de sete filhos e responsável por sustentar a família sozinha, Carla perdeu geladeira, fogão e vitrines que havia comprado para vender bolos durante os festejos de São João. “Pelo menos Deus botou a mão e não foi ninguém, só tenho a agradecer”, diz.

Além da comerciante, o marceneiro José Jorge Almeida, 60, também sofreu prejuízos com o desabamento do imóvel de três andares. Ele estava instalando portas na casa de um cliente quando recebeu a notícia de que os escombros atingiram a área onde costumava descansar. Duas de suas máquinas de grande porte usadas para cortar madeira foram soterradas pelos escombros.

José herdou a marcenaria de seu pai há mais de 30 anos e, apesar dos estragos causados pelo incidente, está esperançoso de que vai reconquistar os materiais para reerguer a oficina. “A gente se sente desamparado. Porque você tem uma coisa, há um bocado de tempo e vê se destruir assim de uma hora para outra. Ninguém se sente bem. Mas graças a Deus, ninguém se machucou e vamos botar a força para frente”, diz.

Uma vistoria da Defesa Civil de Salvador (Codesal) apontou que o imóvel, de propriedade de Sizinho dos Santos, desabou por vícios construtivos e excesso de carga por conta do acúmulo de objetos no andar superior. A demolição das partes comprometidas e que oferecem riscos às casas vizinhas foi solicitada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (Sedur). A autarquia ainda vai programar a demolição. Os ocupantes do imóvel farão cadastro na Codesal para serem realocados.

Você pode ajudar as vítimas do desabamento com doações no PIX:

Carla Piedade dos Santos

PIX: 71993734842

José Jorge Almeida dos Santos

PIX: 71988498931

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