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Ex-presidente da Embrapa lamenta corte de verba e teme futuro da empresa

Sebastião Barbosa, que foi destituído nesta quarta-feira, dia 17, do cargo de presidente da Embrapa, classificou a decisão como “bastante sumária”. O ex-comandante da entidade fez duras críticas à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, dizendo que existia um viés contra ele e que ela “falava mal da empresa sem dar orientações diretas para melhorar a gestão”.

Em seu desabafo após a demissão, Barbosa ainda lamentou o contingenciamento no orçamento da estatal, que pode passar da metade do valor total e a interferência de membros do Ministério da Agricultura na escolha de chefes de unidades.

“Surpreendeu a maneira sumária que foi feita (a demissão). Entrei com concurso e nunca vão encontrar nada que me desabone. Sou muito respeitado pelo agro e pelo trabalho que a gente fez. Mas, desde o início, a ministra Tereza Cristina não nos aceitou porque eu era uma escolha do ex-ministro Blairo Maggi. Ela declarou que foi um erro abrir processo de escolha no fim do ano passado e disse para o Blairo que eu não era a escolha dela”, declarou.

Barbosa comentou que a relação com a ministra era boa, de muito respeito e cortesia, mas que não houve sintonia. “Desde o início, ela falava mal da Embrapa, eu a questionei sobre isso. O que a senhora quer da Embrapa? Mas nunca foram dadas instruções diretas”.

Falta de orçamento

Sebastião Barbosa afirmou que está preocupado com a direção que está sendo dada para Embrapa. O orçamento da empresa é de R$ 3,076 bilhões para 2019. Desse total, 42% já foi contingenciado. “Já foi anunciado mais um bloqueio, que pode passar de 50% do orçamento total. Estamos sem investimentos nas pessoas, nas máquinas, nos processos, há mais de cinco anos. Fica quase inviável”, declarou.

Interferência

O ex-presidente também fez uma crítica mais direta ao presidente do Conselho de Administração da Embrapa (Consad), Fernando Silveira Camargo, que é secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura. Segundo Barbosa, houve interferência no processo de escolha dos chefes gerais das unidades da empresa em todo o país. “São 30 chefes interinos hoje e começaram a interferir no processo de escolha deles, que já estava acertado”.

Substituição

O ex-presidente acredita que uma pessoa do setor privado deve assumir o lugar ocupado por ele até esta quarta-feira. Segundo ele, a Embrapa tem pessoas capacitadas para presidi-la, mas o governo “deve escolher alguém mais ligado ao mercado”.

Saída antecipada

Barbosa esperava que a saída ocorresse em setembro, conforme foi comunicado em uma videoconferência recente feita entre o Ministério da Agricultura e chefes de unidades da empresa. depois, foi cogitada a permanência dele até o dia 27 deste mês. A decisão da destituição da presidência, no entanto, foi definida nesta terça-feira, dia 16, em reunião extraordinária do Conselho de Administração da Embrapa.

Sebastião Barbosa disse ao Canal Rural que recebe a demissão de maneira natural, mas destacou preocupação com o futuro da Embrapa. Ele, que é pesquisador aposentado da empresa, pretende dar sequência a trabalhos de consultoria. “É comum que as gestões se suscedam, pessoas vêm e vão, mas insisto que temos que preservar a Embrapa. Vou dar um tempinho, tenho coisas pra fazer. Tenho vida fora do governo”.

O Ministério da Agricultura vai abrir um processo de seleção para escolha do novo comandante da empresa, mas ainda não há prazo para isso acontecer. Um dos possíveis nomes para assumir o cargo é o general Oswaldo Jesus Ferreira, mas ainda não há confirmação por parte do governo. A expectativa é que o nome final seja definido ainda no mês de agosto.

Fonte: Canal Rural

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