JUAZEIRO SOU MAIS JUAZEIRO

Opinião: 14 de março ou um convite ao silêncio.

Oh! Bendito o que semeia
Livros… livros à mão cheia…
E manda o povo pensar!
O livro caindo n’alma
É germe – que faz a palma,
É chuva – que faz o mar.
Castro alves

Eu gostaria de começar este texto repetindo a ladainha de sempre, que Juazeiro é a terra da poesia, da cultura, de grandes artistas, mas eu não quero falar de Ivete Sangalo, nem de João Gilberto, nem de Galvão ou de Manuca, gente de primeira linha e grandeza, que batalhou e fez sucesso, elevando mais ainda o nome da nossa cidade. Não, não é desses que falarei aqui, quero lembrar dos esquecidos, dos quase invisíveis, dos artistas que ninguém fala, dos poetas que ninguém lê, do teatro que ninguém vê, quero louvar é essa gente simples que faz arte, que luta pra manter viva a chama da cultura da nossa cidade.

Juazeiro da lordeza, que já foi a capital da arte do Vale do são francisco e que hoje vem maltratando seus artistas através do silêncio ensurdecedor dos nossos homens públicos. A câmara municipal de nossa cidade não deve se envergonhar de dar títulos de cidadão juazeirense a artistas de outras cidades, afinal é sabido por todos que somos gente acolhedora, herança histórica do nosso lugar na construção do Brasil, aqui sempre foi um lugar de passagem e como tal, aprendemos a tratar bem, receber bem e por isso até hoje somos um povo acolhedor.

A vergonha que a câmara deveria sentir provêm do esquecimento dos seus próprios filhos, porquê será que nenhum beneficio para a cultura e para os artistas da terra sai da casa do povo? Qual o problema dos vereadores com os artistas de juazeiro? Será que esses que batalham todos os dias não merecem uma moção de aplauso? Uma lei que os favoreça? Parece que não.

Recentemente, fui gentilmente convidado a ir à Secretaria de Cultura Turismo e Esportes para tratar da comemoração do dia nacional da Poesia que é comemorado no dia 14 de março, pois bem, lá chegando recebi uma proposta lamentável e indecorosa, fui convidado à ir pra praça junto com meus colegas declamar poemas de graça, é triste que órgão responsável por promover a cultura da cidade se valha desse expediente imoral, já que artista é profissão, e como tal deve ser remunerada, ou não?

O poeta paga imposto, paga IPTU, paga a abusiva taxa de lixo que vem incluída na também abusiva conta de água, o poeta vai ao comércio, compra material escolar, compra pão, compra sapatos, o poeta recolhe ISS e o poeta VOTA também. Precisamos urgentemente romper esse paradigma de que arte é brincadeira, a valorização do artista não existe sem a devida remuneração, visibilidade não é pagamento é consequência do trabalho de cada um.

Eu sei que é ingenuidade minha, mas perguntar não ofende, o prefeito da cidade trabalha de forma voluntária? Os vereadores do município trabalham de forma voluntária? O sem-número de funcionários da prefeitura trabalham todos de graça? As bandas que vem a juazeiro durante o carnaval pra propalar a violência e a baixaria tocam de graça? A municipalidade sabe que não!

Portanto, neste 14 de março, vou me recolher com os meus, para dar o tratamento que a poesia merece, que com certeza, não é este que o governo municipal nos oferece.

Em tempo, gostaria de deixar bem claro que não tenho nada contra os funcionários da referida secretaria, que sempre me recebem bem e lá estão, tirando leite de pedra, sem ter culpa da politica cultural desmoralizante proposta pelos grandes homens da gestão municipal.

Com a certeza de que dias melhores virão, João Gilberto Guimarães sobrinho, Poeta.

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