JUAZEIRO

Prefeito, quando não se sabe para aonde vai, qualquer caminho serve.

Por Sidney Lima

Não quero mais entrar na discussão sobre a ilegalidade ou arbitrariedade de se determinar o fechamento do comércio, sobre o bloqueio da economia, sobre o empobrecimento do trabalhador, ou sobre os toques de recolher, que proíbem o direito de ir e vir das pessoas, sem que o país esteja em condições que justifiquem esses atos, pois já falamos sobre isso em outros textos aqui publicados [1] [2]. Mas, não poderíamos deixar de analisar e comentar sobre a mais nova tomada de decisão, sem motivação técnica que realmente justificasse seu ato, pois isso já está cansando a população e deixando pais de famílias em situações ainda piores do que as de antes. Senão, vejamos…

Que, ao se mandar fechar uma empresa, o Município impede o empresário de trabalhar, de movimentar seu capital e de manter os empregos, isso todos já entendemos. Mas, ao se permitir a reabertura do comércio, diversas questões deveriam ser levadas em conta, como a expectativa dos proprietários e colaboradores, o trabalho e o investimento que muitos tiveram que fazer para renovar estoques ou ajustar suas empresas depois de tanto tempo parada, o sentimento de que nossa economia poderá ser salva com um pouquinho mais de esforço daqueles que movem o país, e assim por diante.

Mas, depois de tudo isso, por conta da incompetência (administrativa, financeira, logística, ou seja lá qual for) de não termos uma quantidade de testes para a famigerada Covid-19, antes do primeiro fechamento e da reabertura das portas das empresas em Juazeiro, o Prefeito dizer que vai fechar novamente a cidade por conta do aumento do número de casos positivos, mesmo sabendo que só foi por conta do aumento do número de testagem, como dito pela própria Prefeitura, aí já é querer “tirar o povo como otário”.

Porque, então, não se determina logo o fechamento das empresas até depois do carnaval de 2021, já que não se tem uma lógica na tomada de decisões e já que disseram que fazer o carnaval no ano que vem seria uma irresponsabilidade para com a saúde pública?

Fazer o que Paulo Bomfim fez ontem (20), ao novamente anunciar o fechamento do “comércio não essencial” (não essencial pra quem?), foi o mesmo que dar um pirulito para a criança, mas dizer a ela que só poderia dar uma lambidinha e guardar todo ele na geladeira, para só terminar depois, sem dizer quando.

Não estamos aqui fazendo apologia a nada, muito menos a atentar contra as ações de proteção à vida humana. Mas, estamos sim, indignados com as “teorias do achismo”, quando ouvimos que as autoridades sabem com certeza que os números cresceram por conta do aumento na testagem, mas que “acham” que a reabertura do comércio pode contribuir para o aumento do número de casos.

Quem garante que muito mais gente já não pegou essa tranqueira de doença e já não se recuperou, sem sequer apresentar algum sintoma e sem fazer nenhum tipo de teste? Eu não posso. Você pode? A própria SESAU já questionou determinadas ações do Prefeito nesse período nebuloso de Coronavírus. Porque, então, nós não questionaríamos?

Outrossim, isso tudo nos remete a algumas teorias da conspiração que fazem sentido. Estamos a 800 m de distância de uma cidade com administração municipal e estadual “totalmente diferente” que a nossa. O Prefeito de Petrolina, temos acompanhado, tem enfrentado diversas batalhas contra o vírus, contra a pressão dos comerciantes e, quase sempre, tem enfrentado um batalhão jurídico que luta pelo “Poder dos Estados Nordestinos”, que têm Governadores ávidos por enfrentar o Governo Federal e todos os que o apoiam e se beneficiam das ações de melhorias oferecidas pela pessoa do Presidente da República. Acabamos, recentemente, de acompanhar mais um entrave entre Miguel Coelho e a justiça de Pernambuco, quando o fechamento do comércio de nossa cidade vizinha fora determinado por uma ação judicial.

Desse modo, como não imaginar que Paulo Bomfim, que está do lado (ou seria abaixo?) do Governador que é considerado o líder do movimento que mais parece querer criar um novo país chamado “Nordeste do Brasil”, estaria atendendo as determinações do chefe, mesmo indo de encontro ao que já fora acordado com os diversos sindicatos de trabalhadores honestos que só querem se manter vivos e sustentar suas famílias e as de seus colaboradores e, pior, indo de encontro aos dados estatísticos.

E o arremate dessas novas decisões de Paulo Bomfim é que são ainda mais cômicas, justamente por notarmos que as toma sem nenhum critério preestabelecido. Como antecipar o famigerado e descumprido “toque de recolher” para às 20 horas, se diversos estabelecimentos comerciais essenciais funcionam até depois desse horário? Não só aqui, como em nossa coirmã Petrolina, que, embora tenha sido obrigada por ordem judicial (até o julgamento derradeiro da causa) a manter as portas do comércio “não essencial” fechadas, não teve a necessidade de se ver acuada pela justiça para decretar qualquer tipo de toque de recolher. Claro que a justiça não determinaria essa ação para Petrolina ou para qualquer cidade, sem que fosse contestada por se tratar de uma ilegalidade jurídica, como a própria e muito criticada Rede Globo publica, desde abril passado.

Enfim, não sabemos até quando as decisões empíricas, descabidas e extremas, serão adotadas em Juazeiro. Mas sabemos que, mais cedo ou mais tarde, poderemos ficar aliviados com esta situação, quer seja pelo fim da pandemia, quer seja pelo fim do mandato deste jovem garçom que já foi testado e reprovado pela população deste município.

Sidney Lima
Pós-Graduado em Administração
de Segurança Pública e em
Publicidade e Propaganda

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