O PSB tenta vencer um obstáculo imposto pela direção nacional do partido para apoiar a candidatura de Major Denice (PT) em Salvador. Setores da sigla, encabeçada na Bahia pela deputada federal e também pré-candidata à prefeitura Lídice da Mata, defendem que o presidente nacional da legenda, Carlos Siqueira, abra exceção na decisão de proibir o PSB de se aliar a candidatos a prefeito do PT nas capitais brasileiras. A direção estadual da legenda aproveita os últimos dias antes da convenção socialista, marcada para 13 de setembro, para convencer Siqueira a abrir a brecha.
Em condição de anonimato, duas fontes do partido que acompanham as negociações afirmam que Lídice não quer concorrer e tem se mantido na disputa apenas pela restrição a nível nacional. Elas ponderam que a parlamentar tem receio de ser uma candidata solitária, ou seja, sem aliança com outras siglas, com pouca estrutura e recursos e sem apoio direto do governador Rui Costa (PT). A avaliação é de que o PSB não deveria arriscar a aliança com o petista, considerada vitoriosa e benéfica à sigla, por causa de uma questão nacional, sob pena de prejudicar os planos socialistas para 2022 na Bahia.
Nas negociações com o PSB, Lídice deve contar com o reforço do senador Jaques Wagner (PT), incumbido por Rui de coordenar as articulações entre partidos da base na Bahia para as eleições municipais. A expectativa é de que o petista atue diretamente junto a Siqueira para obter permissão para aliança local. Um dos arranjos que Wagner pode oferecer para “amolecer o coração” do presidente nacional é se licenciar do mandato para se concentrar nas campanhas no estado. Com isso, assumiria o lugar dele o suplente Bebeto Galvão, do PSB. “Ter um senador seria interessante para o partido”, observa um socialista. Um petista ouvido pela reportagem afirmou que há possibilidade de Wagner se afastar do mandato, a depender do volume de funções que precisar desempenhar na campanha, mas ponderou que as negociações sobre a adesão do PSB a Denice não estão condicionadas a isso.
Secretário-geral da sigla, Rodrigo Hita diz que, por enquanto, nada foi oferecido. “Claro que temos interesse em Bebeto assumir, é óbvio, mas também por quatro meses não sei se é o melhor. O PT não fez proposta e temos um impedimento nacional. Caso o PT faça uma proposta que seja interessante para a direção nacional”, sinaliza. Hita também acena com uma articulação que possa levar o primeiro suplente da sigla, Angelo Almeida, a assumir uma cadeira na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA).
Sobre Bebeto, além do pouco tempo como senador, há outro entrave. O ex-deputado federal negocia a vice na chapa de Marão (PSD), que disputa reeleição para prefeitura de Ilhéus, no sul do estado. A acomodação não seria tão simples.
Caso o PSB consiga liberação da direção nacional, o objetivo da sigla é indicar a deputada estadual Fabíola Mansur para vice de Denice. Esta composição sempre foi o desejo do PT, que almeja herdar parte dos votos da militância socialista e dos eleitores de Lídice. Mas, diante da limitação imposta por Siqueira, os petistas passaram a oferecer a posição para o candidato do Podemos, deputado federal Bacelar. As negociações com ele estão avançadas, embora as portas para o PSB não estejam fechadas.
Os próximos dias são considerados capitais para o futuro do partido e da candidatura de Major Denice. Apesar de o jogo estar se aproximando dos minutos finais, surpresas são esperadas. “Essas negociações são como nuvem, podem mudar a qualquer momento”, lembra Hita.