A Câmara de vereadores de Juazeiro será presidida por um preto pobre durante o biênio 2021/202
O jovem Lindemberg Souza dos Santos, popular Berg da Carnaíba, é o novo presidente da Câmara de Vereadores de Juazeiro.
Berg nasceu no Distrito de Carnaíba do Sertão, filho Lourival dos Santos, queimador de carvão, que não oportunizou ao filhos estudo para além do ensino médio, mas deu a todos exemplo de dignidade e honradez.
No seu primeiro discurso, Berg emocionado agradeceu: “Disseram que Berg não tinha formação acadêmica suficiente para presidir a Câmara de Juazeiro. Quero dizer a vocês que eu tenho um diploma que poucos tem e poucos conseguiram, que dinheiro não compra, diploma esse que está aqui dentro do meu coração: que é de ajudar as pessoas”.
Com uma população 50,7% negra, a representação política no Brasil é na maior parte branca segundo o IBGE.
A participação dos negros na política encontra resistências assim como em diversos setores da sociedade como, no mercado de trabalho, no acesso à educação superior. Ainda são minoria e mesmo ocupando cargos de prestigio, não estão isentos de sofrer a discriminação.
A luta do cidadão negro é contínua na conquista por seu espaço de direito na sociedade, por igualdade e justiça em um país regido pela democracia. A participação na política é de extrema importância para corrigir os erros do passado, como a omissão por direitos e estabelecer a soberania de um país multifacetado e constituído por diversas raças.
Juazeiro terá à frente do governo municipal nos próximos quatro anos, uma mulher dirigindo o futuro do município.
Suzana Ramos, mulher de origem humilde, nascida no Distrito de Juremal, já trabalhou como doméstica em casa de família, e foi eleita com mais de 31 mil votos de frente do segundo colocado.
Nos últimos anos, o Brasil vivenciou uma progressão no debate público em torno das questões femininas. Temas como assédio, aborto, maternidade e carreira, vem sendo discutidos amplamente na sociedade e ganhando espaço no cenário político. A luta pelo direito das mulheres vem progredindo não só no Brasil, mas em todo o mundo. Alguns avanços já foram conquistados nas última décadas, como o direito ao voto e o direito de serem eleitas. Porém, no que tange a representatividade das mulheres na política, esse debate ainda se encontra muito distante do desejado.
Muitas mulheres ainda têm dificuldades de ocupar cargos de poder, serem eleitas ou terem voz ativa nas tomadas de decisões políticas. Isso acontece devido à exclusão histórica das mulheres na política e que reverbera, até hoje, no nosso cenário de baixa representatividade feminina no governo.
Suzana e Berg são personagens centrais de todo discurso da esquerda no Brasil, mas eles não são filiados ao PT e ao PCdoB. Por isso, não há nenhuma referência a esse momento histórico dos dois serem as maiores autoridades públicas de Juazeiro.
Uma mulher e um preto pobre disputaram eleições em Juazeiro contra homens brancos, ricos e misóginos. A grande contradição foram os partidos que defenderam esses homens: o PT e o PCdoB.
