Opinião: A oposição com crises de ansiedades e taquicardias. Culpa de Suzana Ramos?

“Cai na marreta do 45, cai na marreta do 45. O 45 tem a marreta biônica, deixa a oposição toda de cabeça de tonta” (jingle da campanha de Suzana Ramos)

No Brasil tem-se uma tradição democrática em que a oposição ou os grupos perdedores no pleito eleitoral, respeitam os 100 primeiros dias (trégua dos 100 dias) do novo governo para se fazer um balanço das ações da gestão.

Como nos EUA existe uma tradição antiga que os órgãos de imprensa declaram o vencedor das eleições presidenciais. Como eles não têm tribunal eleitoral, as redes de televisão somam os resultados apurados pelos estados e anunciam quem obteve a maioria dos delegados no colégio eleitoral que apontará o próximo ocupante da Casa Branca.

Superada a euforia da vitória nas urnas, no dia 1º de janeiro de 2021, foi o momento em que a nova gestora sagrada vencedora no pleito eleitoral teve encontro marcado com a realidade da administração municipal e pode, enfim, “arregaçar as mangas” e começar a colocar em prática seu plano de governo.

Suzana Ramos anunciou o seu secretariado a conta-gotas, uma novidade que deixou muitos da oposição com traquicardia e com crises de ansiedade. Fizeram textões em blogs e nas redes sociais, alguns compararam Suzana a Bolsonaro: “Vai copiar o Bozo em querer somente se comunicar pelas redes sociais?”. 

A “mãe” ao ganhar as eleições se transformou numa madrasta má?

Nada disso. O jovem prefeito eleito de Recife, João Campos (PSB), filho de Eduardo Campos e neto de Miguel Arraes (por isso passa longe de ser bolsonarista) usou a mesma estratégia de Suzana Ramos.

Nas redes sociais alguns grupos da oposição estão mais ansiosos do que os aliados de Suzana Ramos, a cada nova nomeação, há uma vibração quase orgásmica com os nomes nomeados, numa espécie de torcida esquizofrênica, a euforia é porque um fulano ainda não foi nomeado. 

Alguns candidatos das eleições passadas também não contiveram a ansiedade e usaram as redes sociais para afirmar: “Tá vendo aí, eu iria fazer diferente”. E se dê tudo certo? Se Suzana Ramos acertar? A população saberá reconhecer a crítica movida pela ansiedade? 

Suzana teve 64 mil votos, uma votação histórica, o povo não quer saber nesse momento quem vai ser ou não nomeado. Quer o serviço público funcionando bem, não ter roubos e denuncias de corrupção e não ver a cidade amanhecer cheia de policiais federais nas secretarias municipais. 

Há também o grupo dos que votaram em Suzana Ramos, e que estão descontentes com as nomeações. A manutenção de alguns nomes no IPJ – Instituto da Previdência de Juazeiro, por exemplo, desagradou muitos aos aposentados e pensionistas. 

Ainda não se sabe qual a lógica do governo de Suzana Ramos, numa eleição atípica, com somente 45 dias para transição, quando o normal são quase 90 dias. Depois veio a eleição para a presidência da Câmara, que movimentou o cenário politico-social, quase igual as eleições normais. 

As nomeações são de inteira responsabilidade da prefeita Suzana, ela deve saber o peso que tem essas nomeações, e as suas implicâncias políticas. O presente ainda muito cedo para saber das consequências, embora o burburinho na cidade é intenso, e o desgaste com aliados é visível.

Todo esse movimento político em Juazeiro faz-me lembrar a música “O mundo é um moinho”, do mestre Cartola: “Ainda é cedo, amor; Mal começaste a conhecer a vida; Já anuncias a hora de partida; Sem saber mesmo o rumo que irás tomar”.

Carlos Antônio Ribeiro da Silva
Professor