Eduardo Príncipe de Lira Rocha é um homem trans e foi contratado para trabalhar em uma empresa em Petrolina, no Sertão de Pernambuco. O que deveria ser um momento de satisfação profissional terminou em frustração. A alegria de conseguir uma colocação no mercado de trabalho, principalmente em um momento de crise financeira trazida pela Covid-19, se transformou em um pesadelo. Infelizmente o sofrimento que Eduardo passou chegou bem antes da pandemia e não tem vacina.
Após passar por uma seleção de emprego e ser aprovado por preencher todos os requisitos da vaga ofertada, Eduardo foi demitido um dia antes de começar a trabalhar. Ele iniciaria as atividades na empresa hoje (12). Ontem (11) o proprietário mandou uma mensagem o dispensando.
Segundo trecho da conversar publicada por Eduardo em seus redes sociais, o dono da empresa disse que: “De minha parte, não segui o roteiro correto das entrevistas e não o identifiquei na primeira hora.[..] Meu objetivo é contratar um monitor, consequentemente do sexo masculino. Minha cota de pessoas diferentes já está atendida e completa com o que demonstro não ter preconceito”, escreveu o proprietário.
Ainda de acordo com as mensagem publicadas por Eduardo no Instagram, o proprietário disse que só percebeu que ele era um homem trans bem depois. “Somem vim saber de sua condição muito depois. Nada contra. Mas a vaga é para o sexo masculino”, pontuou.
Racismo
O criminalista Gilmar Júnior, advogado de Eduardo Rocha, destacou que o proprietário será processado nas esferas cível e criminal. “Nós vamos adentrar na seara cível para pedir uma indenização pelo dano moral que ele sofreu e na seara criminal também, porque em 2019 o STF decidiu que a transfobia e a homofobia podem ser inseridas na lei 7.716 de 1989 que constitui o crime de racismo”, afirmou o criminalista.
A pena para o crime de racismo é de dois a cinco anos de detenção.
Por: Blog Waldiney Passos